Apresentado esta segunda-feira no Porto, o projeto monitor4COVID19, lançado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, está na origem de uma aplicação móvel que permitirá aos portugueses serem alertados caso tenham estado em contacto com alguém infetado com a covid-19.
A tecnologia, desenvolvida com a coordenação do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), será, de acordo com informação do diário "Público", de uso voluntário e utilizará o bluetooth para rastreio de dados entre smartphones que tenham estado próximos nos últimos 14 dias. Sem geolocalização ou partilha de dados pessoais.
Ainda não há data para que a aplicação fique disponível, mas Portugal junta-se, assim, aos vários países europeus que já têm em prática ou estão a desenvolver projetos que utilizam as novas tecnologias para ajudar a rastrear com mais facilidade possíveis casos de covid-19, uns mais intrusivos do que outros. Estes são alguns exemplos, não só na Europa como no Mundo.
Polónia
Será a aplicação mais intrusiva daquelas que são utilizadas a nível oficial na União Europeia. Desenvolvida ainda em março pelo governo polaco, a plataforma começou por ser opcional mas, a 1 de abril, tornou-se obrigatória para todos os que estão em quarentena compulsiva - pessoas que tenham tido contacto com doentes ou cidadãos regressados do estrangeiro. A aplicação exige que durante os 14 dias de quarentena sejam enviadas selfies a partir da morada indicada às autoridades, processo que usa a geolocalização e algoritmos de reconhecimento facial para comprovar a veracidade da informação enviada.
A própria aplicação indica quando a selfie deve ser tirada, o que poderá acontecer várias vezes no mesmo dia. O utilizador tem 20 minutos para enviar a selfie depois da notificação. Caso não o faça, poderá ser multado ou receber a polícia em casa. Cerca de 230 mil pessoas usaram a aplicação. A Polónia está também a desenvolver uma aplicação de rastreio de contactos que será de download voluntário.
República Checa
Aplicação usa dados de localização das operadoras móveis para formar aquilo que se designa por "mapas de memória", ou seja, o conjunto de locais em que alguém passou tempo significativo nos últimos cinco dias. Os "mapas de memória" ajudam os especialistas a fazer um melhor rastreio dos contactos de alguém que tenha sido infectado.
Noruega
A aplicação "Smittestopp" (em português, qualquer coisa como "parar a infeção"), de download voluntário, usa uma combinação de dados de bluetooth e geolocalização que permite que seja enviada uma mensagem aos contactos próximos de alguém a quem tenha sido diagnosticada a covid-19. Por contacto próximo entenda-se alguém que tenha estado a dois metros da pessoa infectada pelo menos durante 15 minutos e que tenha também instalada a aplicação no seu smartphone.
A aplicação está disponível desde a última semana e o Instituto de Saúde Pública do país sublinha que 1,4 dos 5,5 milhões de noruegueses já fizeram download da "Smittestopp".
Áustria
A "Stopp Corona" usa a tecnologia bluetooth para estimar a distância entre dois aparelhos. Número de telemóvel só pode ser comunicado pelo próprio utilizador da aplicação quando este é confirmado como positivo à covid-19.
China
No país onde foram identificados os primeiros casos da covid-19, o controlo foi desde logo apertado, com as autoridades a atribuir a cada cidadão um código QR, lido através da câmara do telemóvel, que os identificava segundo cores. O critério baseia-se nas deslocações dos utilizadores nas últimas duas semanas, combinadas com um inquérito sobre o estado de saúde. O resultado final daria verde, ou seja, cidadão sem necessidade de se isolar; amarelo, com necessidade de se isolar durante sete dias e vermelho, que obrigaria a 14 dias de isolamento.
A entrada em certos locais públicos só é possível se o código QR do cidadão for verde.
Austrália
A app "COVIDSafe" recorre à tecnologia bluetooth para registar informação de quem esteja a 1,5 metros ou mais de 15 minutos com alguém infectado. No momento do registo, a aplicação pede nome, número de telemóvel, idade e código postal, gerando depois um código único que será usado pelas autoridades de saúde em caso de necessidade.
Esta segunda-feira, as autoridades australianas anunciaram que nas primeiras cinco horas após o seu lançamento, a aplicação foi descarregada 1,3 milhões de vezes, um número muito acima do inicialmente previsto. O objetivo é chegar a 40% da população australiana, ou seja, 10 milhões de utilizadores.
Singapura
Lançada em finais de março, a aplicação "TraceTogether" foi a primeira app governamental a utilizar a tecnologia bluetooth para fazer o rastreio dos contactos de infetados, através dos sinais trocados entre aparelhos que tenham estado próximos.
Hong Kong
Para garantir o cumprimento da quarentena obrigatória de 14 dias, Hong Kong distribui no aeroporto pulseiras electrónicas com um código QR que devem ser depois associadas à aplicação "StayHomeSafe". Para confirmar se se mantêm no domicílio indicado, aos utilizadores é pedido que passem o seu código QR na aplicação.
Coreia do Sul
Ainda em fevereiro, aplicações com acesso a dados governamentais permitiam, por exemplo, que um utilizador fosse informado do quão perto estava de um infetado com a covid-19. Eram também divulgados dados demográficos do paciente, bem como o seu histórico de localização. O cumprimento da quarentena obrigatória é feito através da geolocalização dos infetados.