Jair Bolsonaro continua a não levar a sério a pandemia do novo coronavírus. Apesar dos muitos avisos da comunidade científica e do número mortes que não param de subir um pouco por todo o mundo, o Presidente do Brasil insistiu, durante uma comunicação ao país na terça-feira, que se for infetado pela covid-19 não sofrerá mais do que uma “gripezinha”. Também Donald Trump, recorde-se, descreveu há algumas semanas a covid-19 como uma “simples gripe”.
“No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico daquela conhecida televisão”, afirmou.
Criticado por não tomar medidas de proteção pessoal, apesar de várias pessoas no seu círculo próximo terem contraído a doença, Bolsonaro voltou a desvalorizar o impacto do vírus. “Raros são os casos fatais de pessoas sãs com menos de 40 anos de idade. 90% de nós não teremos qualquer manifestação caso se contamine. Devemos sim é ter extrema preocupação em não transmitir o vírus para os outros, em especial aos nossos queridos pais e avós, respeitando as orientações do Ministério da Saúde”, disse.
Segundo Bolsonaro, medidas profiláticas, como encerramento de espaços públicos, não fazem sentido. “Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o fechamento de comércios e o confinamento em massa. O que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é o das pessoas acima dos 60 anos. Porquê fechar escolas?”, disse, contrariando as medidas de distanciamento social recomendadas pela Organização Mundial da Saúde.
“O vírus chegou, está sendo enfrentado por nós e brevemente passará. Nossa vida tem que continuar. Os empregos devem ser mantidos”, frisou.
A culpa do medo que se vive no Brasil, para Bolsonaro, é dos meios de comunicação, não da doença. De acordo com o presidente, estes propagam “o pavor” e a “histeria” entre os brasileiros.
De acordo com vários órgãos de comunicação social do país, como a "Folha de São Paulo", as declarações do Presidente foram acompanhadas em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Brasília por um "panelaço". Pelo oitavo dia consecutivo, milhares pessoas manifestaram-se a partir de casa, criticando a aparente insensibilidade do chefe de Estado face à pandemia.
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