Covid-19. Estradas vazias: app de trânsito Waze está quase sem utilizadores
Número de utilizadores ativos do Waze caiu quase 90% em Lisboa e no Porto nas últimas duas semanas. Só na capital passou de quase 8 mil utilizadores para menos de mil
Número de utilizadores ativos do Waze caiu quase 90% em Lisboa e no Porto nas últimas duas semanas. Só na capital passou de quase 8 mil utilizadores para menos de mil
Jornalista
Jornalista infográfico
Com a entrada em vigor das medidas de contenção em todo o país, os carros estão parados e isso é visível. Se, por um lado, as filas de trânsito em Lisboa caíram de 119 para 15 quilómetros em hora de ponta, as aplicações para telemóvel habitualmente usadas para saber qual o trajeto com menos trânsito também sentiram uma queda abrupta de utilizadores. No Waze, tanto em Lisboa como no Porto, o número de utilizadores ativos durante a hora de ponta caiu quase 90% em duas semanas.
Só em Lisboa, o número passou de cerca de 7300 na hora de ponta a 11 de março para cerca de 900 esta semana (menos 88%). Já no Porto, com menor número total de utilizadores, os números saltaram de cerca de 1500 wazers para menos de 200 (87%), mostram os dados recolhidos e disponibilizados pela comunidade gestora do Waze na República Checa. Este grupo de utilizadores recolhe os dados globais da aplicação e analisa a sua evolução num conjunto de cidades a nível mundial.
Consequentemente, o número de acidentes reportados pelos utilizadores é muito menor: de 429 na sexta-feira, dia 6 de março, para 63 registos, precisamente duas semanas depois, segundo os dados cedidos pela comunidade portuguesa do Waze. Estes dados, contudo, não mostram todos os acidentes ocorridos nestes dias mas apenas aqueles que os utilizadores reportaram.
Os dados de utilizadores ativos evidenciam que, diariamente, costuma haver dois picos: o da hora de ponta de manhã e o do final do dia. É visível um decréscimo no número de utilizadores a partir de 13 de março, sexta-feira, coincidindo com o anúncio do primeiro-ministro relativo ao encerramento das escolas. A partir dessa semana, a descida é ainda mais clara.
Desde 19 de março, passada quinta-feira, começaram a diluir-se as horas de ponta, o que reflete não só o encerramento das escolas como o maior número de pessoas a trabalhar a partir de casa, tendo em conta que uma grande parte das deslocações diárias têm como destino a escola ou o trabalho.
Já na semana passada, o presidente da Câmara de Lisboa tinha partilhado imagens que mostravam como o total de quilómetros de filas de trânsito captado pelo Waze passou de 119 quilómetros para 15 km entre 9 de março e 16 de março às 9h00 da manhã.
E sabe-se também que o tráfego nas autoestradas portuguesas sofreu uma quebra na ordem dos 75% a nível nacional, segundo o Ministério das Infraestruturas e da Habitação.
As mesmas medidas de contenção do contágio de coronavírus têm sido aplicadas noutros países europeus, como Itália e Espanha ou, mais recentemente, o Reino Unido.
Segundo os dados da comunidade checa do Waze, também se vê uma redução no número de utilizadores da aplicação em Madrid, Roma e Londres, ainda que alguns tenham tido quebras mais cedo e de forma mais intensa do que outros.
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