Entre tascas e petiscos, siga esta rota de sabores tradicionais que ajudam a descobrir o Porto
Francesinha do Café Santiago
Luis Ferraz
Entre Sandes de presunto, Bifanas, Cachorrinhos e Francesinhas, acompanhadas de um copo e conversas inflamadas sobre futebol, siga esta rota de sabores tradicionais que ajudam a descobrir a cidade do Porto
A partir da seleção elaborada pelo guia “Tascas, Petiscos & Doces” parte-se à descoberta dos sabores essenciais na identidade cultural e gastronómica do Porto. Os “Petiscos Invictus” são uma forma de prestar homenagem às gentes e às tradições da cidade, que acompanha o rio Douro até à Foz. As tripas que são preparada à moda do Porto são um símbolo e prato incontornável, mas muito mais há para descobrir neste roteiro.
Tripas à moda do Porto: A lenda remete à época dos Descobrimentos, quando as naus eram carregadas com carnes de qualidade para alimentar a frota de navegadores e, para os habitantes da cidade do Porto, restavam apenas as tripas dos animais. Com elas, os portuenses criaram o prato que hoje é a identidade da Invicta e que os fez conquistar o título de “tripeiros”, graças à capacidade de sacrifício. Além das tripas de vitela, este prato leva outras carnes, como mão de vitela, chouriça de carne, orelheira e frango, feijão branco e vários condimentos. Para saborear, sobre a toalha de pano, nos restaurantes Líder, Rápido ou A Cozinha do Manel, entre tantos outros.
Francesinha do Café Santiago
Luis Ferraz
Francesinha: Dispensa apresentações. Já foi nomeada como uma das melhores sandes do mundo e é um dos pratos mais populares da cidade, conhecido além-fronteiras. Diz-se que foi criada por Daniel David Silva, um emigrante português regressado de França. Inspirou-se no Croque Monsieur para desenvolver uma receita que homenageasse as mulheres picantes daquele país, e fê-la ganhar fama n’A Regaleira, casa onde trabalhava e onde a Francesinha foi servida pela primeira vez em 1952. Mais de 70 anos volvidos, também ganharam prestígio as de outras casas, como o Café Santiago e o Lado B, ambos no Porto.
Sandes de Pernil da Casa Guedes
Eduardo Almeida
Sandes de Pernil: Não sendo, tradicionalmente, um petisco típico do Porto, a Sandes de pernil popularizou-se há alguns anos graças à qualidade da mítica Casa Guedes. Em 1987, quando os irmãos Correia compraram o estabelecimento, serviam o pernil de porco assado mas não fazia sucesso. Rapidamente adaptaram a receita e tornaram as Sandes de pernil um emblema da cidade. O pão é ligeiramente torrado, o pernil é ensopado num molho secreto e pode ser servida também com queijo de ovelha. Atualmente, a Casa Guedes já conta com quatro espaços na cidade do Porto.
Casa dos Presuntos O Xico
Casa dos Presuntos O Xico: Na rua do Heroísmo, é uma tasca à moda antiga, com pequenas mesas encostadas às paredes, um balcão onde todos os clientes se encostam a comer e a beber, canários a cantar e presuntos pendurados no teto. São eles os protagonistas do menu. Chegam de Castelo Branco e recheiam as sandes que dão fama a esta casa (€2,50), aberta na zona Oriental do Porto há 30 anos. Também há petiscos, como o prato de Queijo de ovelha, o prato de Salpicão, Bucho, Orelheira, Rojões e Pataniscas de bacalhau, e pratos de cozinha portuguesa, servidos ao almoço.
Casa Expresso: É ao balcão de inox e nas mesas, distribuídas pelas duas salas, que se regam conversas e se saboreiam os petiscos que dão fama à casa, na praça Carlos Alberto, a Sandes de rojão (€2,80) é a que reúne mais adeptos, talvez graças ao sabor apurado ou à tenrura, mas há outras, como a de fígado, a de salpicão e a de panado. Diariamente servem Bucho, Moelas, Chispe, salgados e pratinhos de queijo e presunto, além das sugestões tipicamente portuguesas, para comer de garfo e faca. As Papas de sarrabulho, a abrir, e a Mousse de chocolate, a fechar, são boas recomendações.
Cachorrinho na Cervejaria Gazela
Cachorrinho: É impossível separar a fama do Cachorrinho do local onde nasceu, a Cervejaria Gazela, ícone da cidade, fundada e atualmente com duas casas a funcionar, a escassos metros uma da outra, no centro do Porto. Criado neste snack-bar, o “Cachorrinho da Batalha” (€4,20), como também é conhecido, remetendo para a localização da casa-mãe, é feito num pão fino e estaladiço, recheado com salsicha fresca, linguiça e queijo, pincelado com um molho picante que o torna único e cortado em pequenos pedaços, para comer à mão. A Cervejaria Gazela continua a ser um local de peregrinação gastronómica. Não apenas pelo Cachorrinho, mas também pelo Pica-pau e pelo Bife enrolado, este preparado apenas por encomenda.
Porto
Daniel Rodrigues / Turismo Porto e Norte de Portugal
Escondidinho do Barredo: Escondido, como o nome indica, atrás de umas portas avermelhadas, ao fundo das Escadas do Barredo, no meio das ruelas da Ribeira, este é um dos tascos mais genuínos da cidade. Conserva décadas de história e uma montra de petiscos feitos por quem trata os tachos por “tu” há muitos anos. Especialmente conhecido pelas Trouxas de carne, que quase já não se encontram (€1,50), e pelas generosas Iscas de bacalhau (€6), tem também Bolinhos, Rissóis, Bucho, Polvo em molho verde, Tripas enfarinhadas, Ovos cozidos, Moelas e Bifanas.
O Astro Cervejaria Petisqueira: Em frente à estação de Campanhã, é um local de culto para os adeptos de Bifanas (€2,50). Feitas diariamente num enorme tacho, estrategicamente colocado à janela para despertar o apetite de quem passa. Cortadas muito finas, ganham sabor e potência no molho picante. Servidas num pão que por ele não se deixa ensopar, são a desculpa perfeita para perder o comboio. Também há uma versão com queijo e outros petiscos, como Rissóis de leitão, Cachorro de bifana e Caldo verde, servido com broa, sempre a sair quente.