De 19 a 21 de setembro, na Aldeia Histórica de Sortelha, o evento “Muralhas com História” propõe uma viagem no tempo e às vivências do reinado de D. Afonso IV – O Bravo. É o ponto de partida para descobrir uma região onde história e natureza andam de mãos dadas
É a XIII edição do evento “Muralhas com História”, este ano dedicado às vivências do reinado de D. Afonso IV – O Bravo, que ascendeu ao trono de Portugal em 1325. Rei pragmático e implacável, fica para a história pelas bravas batalhas que travou, como a Batalha do Salado em 1340, onde apoiou os reinos cristãos ibéricos contra os invasores mouros, e pela defesa do reino e da aplicação da lei régia. No entanto, será sempre recordado pela rivalidade com o próprio filho, o futuro D. Pedro I, e pela sua decisão de mandar assassinar Inês de Castro, num dos episódios mais dramáticos da história portuguesa.
Na edição deste ano, na Aldeia Histórica de Sortelha, este ambiente será retratado com músicos do reino, saltimbancos, malabaristas e acrobatas, falcoaria, bailias e folias, torneio de Armas a pé e a cavalo em honra d’El Rey D. Afonso IV. Perca-se pelos sabores e vinhos nas Tabernas do Burgo e pelo Cortejo d’El Rey D. Afonso IV, Cavaleiros e outras gentes pelas ruas do burgo. O programa do evento “Muralhas com História” contempla muita animação, e tem um valor simbólico de entrada (€2), com acesso a todas as representações históricas ao longo de três dias.
O evento “Muralhas com História” é ponto de partida para conhecer a aldeia de Sortelha e mergulhar na história e na natureza desta localidade, considerada em 2023, pela Organização Mundial de Turismo como “Melhor Aldeia Turística”. Localizada no concelho do Sabugal, é uma vila fronteiriça de fundação medieval, com foral concedido em 1228 e com um castelo que remonta ao início do século XIII. Integra a rede de Aldeias Históricas de Portugal e os habitantes são chamados de “lagartixos”. Faça um passeio pelas ruas da aldeia, onde as casas em granito, de um só piso, que rodeiam o castelo, conferem uma beleza sem igual. Uma vez nas muralhas, a sensação é que o tempo não passou. A paisagem é austera, com grandes rochedos em granito que dão origem a histórias e lendas.
Na paisagem rochosa ao redor de Sortelha destacam-se as enormes pedras que deram origem a lendas que permanecem na cultura popular. De construção humana, mas votado ao abandono, um complexo, hoje em ruínas, colocou a região no mapa mundial. A lenda mais emblemática conta a história da filha do alcaide de Sortelha que se apaixonou por um príncipe mouro, contra a vontade da mãe da jovem que lhes lançou um feitiço quando se beijavam, transformando-os em pedra, hoje conhecida como “O beijo eterno”. Outra formação impressionante é a que se assemelha a um rosto enrugado de uma mulher idosa que por isso passou a designar-se “cabeça da velha”. Diz-se localmente que “a velha” olha na direção da Cabeça do Velho, uma formação idêntica na serra da Estrela. Junto à aldeia de Quarta-Feira, ruínas revelam um edifício dos anos 20 do século passado: as termas de Radium, com águas radioativas e fama mundial. Nos anos 40 ficou votado ao abandono, quando se atestou do malefício mortal das águas.
Parta à descoberta de calçadas, azinhagas e caminhos ancestrais que dão a conhecer a história e os antigos costumes da aldeia. Percorra os cerca de sete quilómetros do Caminho Histórico de Sortelha (PR7) que atravessam várias zonas dentro e fora das muralhas. Circular, começa e acaba na entrada do castelo, passando por canadas, calçadas medievais e antigas minas. A probabilidade de encontrar um lince no habitat pode dar-se com um golpe de sorte. Mas há tanto mais para ver e fazer na Reserva Natural da Serra da Malcata, a pouco mais de meia hora de automóvel da aldeia histórica de Sortelha, que se aconselha reservar um dia para este passeio. A riqueza animal e vegetal pode ser apreciada nos vários trilhos pedestres e cicláveis de rara beleza junto das margens do rio Côa. Para ir a banhos tem, no sopé da serra, a praia fluvial de Quadrazais, na localidade com o mesmo nome.
Não deixe de visitar o Baloiço de Penalobo, construído em 2021 pelo Centro Recreativo e Cultural de Penalobo. Considerado por muitos amantes desta nova moda de baloiçar as serras, como um dos mais bonitos de Portugal. Aliás, na aldeia, diz-se ser impossível ficar indiferente, ou não notar, a beleza deste local, perfeito para fotografias para partilhar nas redes sociais. Completamente construído em metal, tem a forma de uma cabeça de lobo com um coração ao centro, e destaca-se no meio de uma paisagem natural que, por si só, já vale várias visitas. Mas, mais do que um baloiço, é uma homenagem ao animal mítico que deu origem à denominação da localidade e dos seus habitantes, os “falupos”, segundo a informação prestada pela Câmara Municipal do Sabugal. Na zona do Baloiço de Penalobo há ainda vários trilhos desenhados para os adeptos do BTT, trail ou caminhadas, devidamente assinalados.
O Município do Sabugal tem, espalhados pelo território, seis baloiços, todos com histórias para contar e formatos únicos. Aproveite e desloque-se à aldeia da Bendada, a somente nove quilómetros do Baloiço de Penalobo. Pelo facto de a aldeia ter sido sempre reconhecida pela dedicação à música, em 2020, quando a banda filarmónica celebrou 150 anos, no local da “Eirinha” onde, em dias de festa se tocava a alvorada, a Junta de Freguesia criou o Baloiço da Bendada, em forma de notas musicais.
No Restaurante Zé Nabeiro (Tel. 271605116) as carnes da cabeça de vitela, cozinham durante três horas num caldeiro suspenso sobre as brasas. A água da cozedura serve para preparar a famosa “Canja de Cornos”. Criada há mais de 40 anos pelo patriarca da família, José Nabeiro, disponível às quartas-feiras e aos sábados, chama gente de todos os lados. A ementa semanal é fixa. “Dobrada com feijão” às segundas, “Carne guisada com batata” às terças, “Mão de vaca com grão” às quintas e “Cozido à casa” às sextas. No restaurante D. Sancho (Tel. 271388267) firme à tradição, não altera a ementa, apresentando como sugestões a “Caldeirada de borrego”, o “Bacalhau D. Sancho”, o “Arroz de lebre” e o “Guisado de javali” e de veado. Fica o aviso: não há meias doses e a ementa está condicionada à oferta do mercado. Já na Casa da Esquila (Tel. 271381070) há três conceitos, desenhados por Rui Cerveira, prontos a agradar a qualquer palato. De segunda a sexta-feira há Buffet & Tasca, com propostas de pratos do dia; ao fim de semana servem-se especialidades, como a “Barriga de leitão”. O terceiro conceito é o Gourmet Rural, que começa com “Creme de legumes” e “Folhado de camarão”, segue para o “Bacalhau confitado com puré de grão e salada de abacate” e para o “Naco de Vitela com mostarda antiga e legumes salteados”.
O Story Studio Sortelha, é um alojamento turístico integrado nas muralhas do castelo, que convida os hóspedes a viverem a experiência do “Muralhas com História” imersivamente, uma vez que se localiza no interior das muralhas. Nestes dias é possível acordar ao som das gaitas de foles, abrir a janela e ver o mercado medieval, sentir a energia das personagens e espetáculos que se desenrolam literalmente à porta de casa. As várias tipologias (T0, T1 e T2) combinam arquitetura secular com design contemporâneo e soluções sustentáveis, proporcionando uma estadia que alia conforto, ecoeficiência e a envolvência mágica do património histórico. Na edição de2025 do Guia Boa Cama Boa Mesa a criadora do conceito Story Studio foi Personalidade Revelação na parte dedicada à hotelaria.
Conte ainda com o Carya Tallaya (Tel. 926035183) onde, entre muros de pedra e jardins aromáticos, as quatro casas oferecem um refúgio perfeito para quem procura tranquilidade e conexão com a Natureza. No Cró Hotel Rural & Termal Spa (Tel. 271589002) o complexo termal impressiona pela tranquilidade, apesar da piscina hidrodinâmica de 160 m², acessível gratuitamente aos hóspedes e equipada com jatos de água, jacuzzi e camas de hidromassagem. Tem 30 quartos à disposição. Já o In Bulla Country and Wellness (Tel. 271013759) Foi criado da junção de uma antiga casa familiar com mais cinco edifícios históricos, para dignificar a aldeia de somente 50 habitantes. Com oito alojamentos de design sóbrio e sofisticado, o conforto foi prioridade.
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