Da Terra à Mesa

Com carne tenra e suculenta, os animais da raça cachena crescem livres em pastos de altitude

Com carne tenra e suculenta, os animais da raça cachena crescem livres em pastos de altitude

De porte pequeno mas com uma rusticidade singular, os animais da raça Cachena são criados ao ar livre, em pastos localizados a grandes altitudes. João Araújo, 40 anos, é pastor na Branda da Aveleira, e criador da Aveleira Bovi Bio, primeira marca de carne biológica registada de Melgaço. “Da Terra à Mesa” é um projeto Boa Cama Boa Mesa que dá a conhecer os produtos portugueses a partir de histórias inspiradoras e de sucesso, desde a produção até ao consumidor, em casa ou no restaurante

A raça Cachena é uma das mais pequenas raças bovinas do mundo, com “animais harmoniosos, de pequena estatura e extrema rusticidade”, diz a Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR). Distinguem-se “pelos seus cornos espiralados”, que permitem “às mães proteger as suas crias dos ataques de lobos”, e “as características e o modo de criação” da raça encontram-se em sintonia “quer com a estrutura fundiária da região, quer com os hábitos e costumes das suas populações”.

A produção de Carne Cachena da Peneda DOP “situa-se na zona montanhosa do Minho, entre os distritos de Viana do Castelo (parte dos concelhos de Arcos de Valdevez, Melgaço, Monção e Ponte da Barca) e Braga (parte dos concelhos de Terras de Bouro e Vila Verde)” e a tenrura, a suculência e o sabor são algumas das características mais identificativas desta carne.

Raça Cachena

João Araújo, 40 anos, é um jovem pastor totalmente dedicado às centenas de animais que cria na Branda da Aveleira, aldeia do concelho de Melgaço, à entrada do Parque Nacional Peneda-Gerês. É lá que os animais pastam livremente, contribuindo para a proteção da biodiversidade e preservando os habitats e as paisagens, de acordo com uma das medidas da PAC para o período 2023/2027. “São criados exclusivamente em regime de pastoreio em prados situados a grande altitude”, diz a DGADR, vivendo ao ar livre praticamente todo o ano. Segundo informação fornecida pela Câmara Municipal de Melgaço, esta é “uma das muitas brandas existentes nas zonas mais altas da região, utilizada desde o século XII, na altura da Primavera e do Verão, como branda de pastoreio. Era para aqui que, todos os anos, na altura mais quente do ano, os brandeiros subiam com os seus rebanhos, deixando os terrenos situados a altitudes mais baixas disponíveis para o cultivo do milho e do feijão”.

Carne Cachena

Primeira carne biológica de Melgaço serve-se no restaurante ou em casa

Há 16 anos, o seu pai ajudou-o a comprar os primeiros animais. “Eram sete”, conta João, que atualmente tem à sua responsabilidade 140 cabeças de gado, maioritariamente da raça Cachena. Há um ano, criou a Aveleira Bovi Bio, a primeira marca de carne biológica registada de Melgaço, nascida e criada a 1100 metros de altitude, que considera um acrescento ao que existe na região. “Não há outra aqui”, diz. Os animais são alimentados com ração biológica, mas também “muito feno”, e têm uma vida sossegada, o que dá origem, no prato, a uma carne “suculenta e rosadita”, elabora João, e com pouca gordura intramuscular. “As pessoas têm ideia que é uma carne rija, mas não.”

Pode comprová-lo n’O Brandeiro, restaurante na Branda da Aveleira, com uma vista de cortar a respiração para a montanha, especialmente em dias soalheiros, mas também noutros espaços em Melgaço, Barcelos e Porto. Para comer em casa, pode comprar as peças, embaladas a vácuo, em estabelecimentos selecionados em Melgaço, Monção, Viana do Castelo, Vila Nova de Famalicão e Ponte de Lima.

Raça Cachena

A sustentabilidade social, ambiental e económica na agricultura e nas zonas rurais são linhas orientadoras da PAC - Política Agrícola Comum que, em Portugal, tem como objetivos principais valorizar a pequena e média agricultura, apostar na sustentabilidade do desenvolvimento rural, promover o investimento e o rejuvenescimento no setor agrícola a a transição climática no período 2023-2027.

“Da Terra à Mesa” é um projeto Boa Cama Boa Mesa que dá a conhecer os produtos portugueses a partir de histórias inspiradoras e de sucesso, desde a produção até ao consumidor, em casa ou no restaurante.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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