Outra vez arroz? Sim, se for Carolino das Lezírias Ribatejanas
Filipe Vera-Cruz
Certificado com o selo IGP, o Arroz Carolino das Lezírias Ribatejanas tem especificidades que o tornam único. Na Orivárzea, empresa de referência na produção de arroz em Portugal, nenhum processo é deixado ao acaso, da sementeira ao embalamento. Talvez por isso, o arroz Bom Sucesso, a jóia da coroa da empresa, seja um ingrediente obrigatório em algumas das melhores cozinhas do país. “Da Terra à Mesa” é um projeto Boa Cama Boa Mesa que dá a conhecer os produtos portugueses a partir de histórias inspiradoras e de sucesso, desde a produção até ao consumidor, em casa ou no restaurante.
Formada há 25 anos por dez pequenos orizicultores da Lezíria Ribatejana, a primeira região portuguesa com denominação de Indicação Geográfica Protegida de arroz, a Orivárzea, sediada há mais de uma década em Salvaterra de Magos, Santarém, é uma referência na produção de arroz em Portugal. “Neste momento são 38 agricultores, mas já foram mais. Alguns saíram, outros trocaram por outras culturas”, conta Filipe Ventura, diretor comercial e de marketing da empresa.
Com quatro mil hectares, sendo que mil pertencem à empresa – “para ser acionista da empresa tem que ser orizicultor” –, tem como missão juntar forças para produzir e comercializar um arroz de excelência, com qualidades únicas. “Portugal produz bom arroz, mas às vezes falta essa união para levar os projetos mais além.” Literalmente, já que é exportado para a China e para os “mercados mais exigentes da Europa”, mas não só.
A escala da companhia permite infraestruturas melhores e mais sustentáveis (30% da energia da fábrica é proveniente de painéis solares) e um controlo de qualidade mais rigoroso. Desde que sai dos silos até ao embalamento, “não há qualquer contacto humano com o arroz e o processo é totalmente certificado”.
Arroz das Lezírias Ribatejanas
De acordo com a Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, “a colheita obedece a regras próprias, incluindo data, estado fenológico e humidade do bago mas também na maquinaria usada quer na colheita, quer no transporte, armazenagem, secagem, descasque, branqueamento e polimento”. Também tem especificidades próprias em “matéria de solos, qualidade de água, número de horas de insolação e baixas amplitudes térmicas, conferidas pela sua localização no estuário do Rio Tejo”.
O cultivo de arroz na região “permite a manutenção do ecossistema, de fauna e flora associados à cultura, além de evitar problemas agrícolas como é o caso da salinização dos solos”. Este caráter de sustentabilidade alia-se também à proteção da biodiversidade, melhoramento dos serviços ligados aos ecossistemas e preservação dos habitats e paisagem, uma das medidas promovidas pela PAC para o período entre 2023-2027.
A cultura de arroz da Orivárzea é também apoiada pelo Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural da União Europeia.
Semeado normalmente entre maio e junho, começa a ser ceifado no fim de setembro e até novembro. “Isto é a época normal”, diz. Há dois anos, por exemplo, as chuvas tardias não permitiram trabalhar os campos na altura certa. “Este ano é o contrário. Não há água.” Com uma projeção que ronda as 20 mil toneladas de produção de arroz para este ano, bastante inferior à de anos anteriores, Filipe garante que o cenário é preocupante e que a rega gota a gota já está a ser testada numa determinada área.
Arroz das Lezírias Ribatejanas
Bom Sucesso, a jóia da coroa No rol de produtos há várias marcas, adaptadas a todas as necessidades do mercado, mas o destaque vai para a Bom Sucesso, porta-estandarte da empresa, que utiliza apenas uma variedade por tipo de arroz, “o que lhe confere uma uniformidade em termos de cozedura e sabor”: Ariéte para o Carolino, Sprint para o Agulha, Ulisse para o risoto, Sfera no arroz para sushi e Electtra no Aromático.
Descascado e embalado em atmosfera controlada para evitar o gorgulho – as embalagens são injetadas com C02 e têm, no máximo, 5% de oxigénio, para impedir que alguma praga sobreviva –, é escolhido por muitos chefs de renome como Vitor Sobral, António Bóia, Justa Nobre, Marco Gomes, Miguel Castro e Silva e José Júlio Vintém, entre outros. “O produto é mais homogéneo por ser monovarietal. Há uma regularidade nos bagos e nos respectivos tempos de cozedura.”
Belmonte, Bom Sucesso Pronto!, Arroz Carolino das Leíziras Ribatejanas, certificado com o selo IGP em 2008, e Baby Rice, marca direcionada para a alimentação infantil, são as restantes que compõem o catálogo da Orivárzea.
Arroz das Lezírias Ribatejanas
“Da Terra à Mesa” é um projeto Boa Cama Boa Mesa que dá a conhecer os produtos portugueses a partir de histórias inspiradoras e de sucesso, desde a produção até ao consumidor, em casa ou no restaurante.
A sustentabilidade social, ambiental e económica na agricultura e nas zonas rurais são linhas orientadoras da PAC - Política Agrícola Comum que, em Portugal, tem como objetivos principais valorizar a pequena e média agricultura, apostar na sustentabilidade do desenvolvimento rural, promover o investimento e o rejuvenescimento no setor agrícola a a transição climática no período 2023-2027.
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