20 Anos Guia Boa Cama Boa Mesa
De portas abertas desde 2019, o restaurante DeRaiz presta homenagem às memórias e à cozinha dos avós. Inês Beja e Nuno Fonte deram nova vida à aldeia de Rebordinho, às portas de Viseu. O restaurante foi distinguido como “Mesa com Mérito” em 2022 e integrou o guia “20 restaurantes que merecem o desvio”
Jornalista
De meia em meia hora toca o sino na capela de Rebordinho, às portas de Viseu. É música para os ouvidos de quem se senta na sala de refeições do DeRaiz, que fica no mesmo largo. Nem todos apreciam o movimento gerado na aldeia pelo restaurante de Inês Beja e Nuno Fonte mas, em compensação, há vizinhos, dos conversadores aos que oferecem batatas, mel, figos, rabanetes ou beterrabas.
Quando o casal Inês Beja e Nuno Fonte decidiu investir na pacata localidade de Rebordinho, a cerca de 10 km de Viseu, muitos pensaram ser uma aposta errada. Inaugurado no verão de 2019, a realidade acabou por provar o contrário e hoje é difícil encontrar lugar para estacionar à hora das refeições. No largo da igreja, numa casa antiga reconstruída, este elegante restaurante transformou-se num pequeno farol gastronómico, com o trabalho a ser reconhecido, em 2022, com a distinção “Mesa com Mérito”, atribuída pelo Guia Boa Cama Boa Mesa. Recentemente, o DeRaiz integrou o guia “20 restaurantes que merecem o desvio”, oferecido pelo Expresso, no âmbito dos 20 anos da marca Boa Cama Boa Mesa.
Formados na área da gastronomia e com experiência em restaurantes de referência, como o premiado Mesa de Lemos, também no concelho de Viseu, Nuno e Inês sabiam que tinham de “criar algum impacto” para singrar num local que nem sequer é de passagem. A todos recebem com a cortesia de uma flute de espumante ou vinho regional, e evidente primor gastronómico.
É uma mesa portuguesa, com produtos maioritariamente regionais e que recupera o sentimento de partilha”
Renovaram o espaço, uma casa tipicamente beirã, em granito e com lareira, e abriram “uma mesa portuguesa, com produtos maioritariamente regionais e que recupera o sentimento de partilha”, concretiza Inês Beja. Excetuando os gelados, fazem tudo de raiz, incluindo os caldos, molhos e o pão de massa-mãe. O nome remete também para memórias de infância e receitas de outrora, revisitadas à luz de uma roupagem contemporânea. Disso são exemplo dois emblemas, os “Pastéis de massa tenra da avó Nazaré” (€5,50), recheados com carne de vitela cozinhada lentamente, e os “Ovos verdes da avó Raquel” (€3,20), encarcerados numa gaiola com um ninho de alho francês frito.
Autêntica ode à gula, o “Pato assado” (€16,50), servido com arroz de forno, chega crocante à mesa, imbuído dos sabores da cacholeira e linguiça de porco preto alentejano, salada de laranja e pinhão tostado da região. A combinação do “Atum à Bulhão Pato” (€16) desperta interesse, enquanto os carolos de milho, que a tradição liga à carne de vinha d'alhos, servem com lingueirão e guarnecem o filete de robalo ou as bochechas de porco preto alentejano. Nesta viagem pelo restaurante DeRaiz (Rua da Capela, 13, Rebordinho. Tel. 928052162) guarde espaço para se deliciar com o “Pão-de-ló húmido” (€6), com azeite DeRaiz, flor de sal e gelado de iogurte de cabra. O restaurante encerra para descanso semanal à quarta-feira e ao almoço de quinta-feira.
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