Nesta Escola alentejana a cozinha regional é uma doutrina

Henrique Galvão, relações-públicas nato, é o empreendedor que, há 25 anos, começou “esta aventura”, na época, acumulando as funções de cozinheiro do restaurante. Com a entrada de Octaviano Martins para a família, encontrou uma fórmula de sucesso imbatível, juntando o útil ao agradável. Como adorava conversar com as pessoas à mesa, passou a estar a tempo inteiro na sala, enquanto o genro, apaixonado pela cozinha e que preferia permanecer nos bastidores “por ser mais acanhado”, agarrou-se aos tachos. A orientação da ementa, de índole portuguesa, e sobretudo local, já estava definida na cabeça do sogro, criador da célebre “Empada de coelho bravo” (€18) servida com arroz árabe, que hoje atrai pessoas de todo o Portugal e além-fonteiras. A caça é, desde sempre, um estandarte da casa, sugerindo-se, para além da empada, o “Pombo bravo de nabiçada” (€18), a “Perdiz na púcara” (€18) e a “Açorda de coelho bravo” (€16), todos eles pratos muito requisitados. Alguma caça é proveniente de Palma, localidade que fica a cerca de 30 minutos de Cachopos, mas não toda. Todavia, o cozinheiro procura, sempre que possível, utilizar os produtos de proximidade, do sal ao arroz carolino de Alcácer do Sal, que, para Octaviano Martins, “é o melhor a nível nacional”. Para exemplificar sugere o “Arroz de choco com camarão” (€16).

Faz questão de “erguer bem alto a bandeira da defesa da cozinha tradicional portuguesa”, que, segundo considera, “estava um pouco esquecida”, mas “está a regressar”, registando que “as pessoas perguntam novamente por pratos como o cozido ou as iscas à portuguesa”. Acentua que “temos bons jovens cozinheiros, temos a Justa Nobre, Prémio Carreira Boa Cama Boa Mesa 2023, ou o Solar dos Presuntos, também distinguido com Mérito em 2023, sendo certo que é uma cozinha mais sofisticada, que felizmente tem por base a cozinha portuguesa, que está a voltar porque as pessoas procuram mais os pratos ao nosso gosto português”.

Salienta que no restaurante servem “cozinha tradicional que não se encontra com facilidade como o “Ensopado de cherne” (€16,50) ou a “Açorda de tomate com enguias fritas” (€16,50). Apesar da confeção elaborada e os ingredientes particulares, nenhum exige encomenda prévia, mas “podem esgotar”, avisa Octaviano Martins, perpetuador, mas também afinador da cozinha herdada do sogro.

É um amante de vinhos confesso. “São a minha perdição”, admite. Com mais de 300 referências vínicas, muitas de Alcácer do Sal, a carta é composta por propostas de todo o país. O capítulo dos moscatéis é generoso e convida a uma prova. Fica a nota de que alguns vinhos podem não estar na carta e convém sempre perguntar se procura algo em particular.