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Ruralidade, costumes, tradições e gastronomia dão vida a novo festival em Santarém

Aldeia avieira de Caneiras, nos arredores de Santarém
Aldeia avieira de Caneiras, nos arredores de Santarém
Visit Ribatejo

A ideia do festival Raízes Vivas nasceu de Rodrigo Castelo, chef do premiado restaurante Ó Balcão e embaixador para a gastronomia de Santarém. O evento realiza-se em Caneiras, nos arredores da capital do Ribatejo e assume-se como uma festa da ruralidade, costumes e tradições. Este é o ponto de partida para o Roteiro de Fim de Semana

É já este sábado, dia 27 de setembro, que se celebra a primeira edição do Raízes Vivas, na aldeia avieira das Caneiras, nos arredores de Santarém. A ideia partiu do de Rodrigo Castelo, chef do premiado restaurante Ó Balcão e embaixador para a gastronomia da capital ribatejana. Assume-se como uma festa da ruralidade, costumes e tradições, e vai contar, ao longo do dia, com celebrações religiosas, animação musical, uma corrida de touros em praça desmontável e um festival gastronómico com chefs de renome.

Torricado de javali, Naco de toiro avinhado com mangusto, paella de carnes bravas, de toiro bravo e de lagostim do rio e siluro, hambúrguer de vaca de pasto e dobrada de raça preta e grão-de-bico e tripas aos molhos com grão são alguns dos pratos disponiveis no sábado, a partir das 19h30, no recinto da Associação Amigos das Caneiras.

Vão estar presentes António Queiroz Pinto, da Taberna Lura, Carlos Torres, do ÉleBê, Francisco Teixeira, Fernando Quinzena, da Taberna do Quinzena, e Iuri Libânio, do Restaurante Aleluia. Participam ainda Joana Serafim Candeias, do À Lagardère, João Ambrósio, João Narigueta, do Híbrido, João Simões, do Casta 85, José Capricho, Lídia Brás, do Stramuntana. Miguel Silva, do Varandas do Parque, Paulo Carvalho, do Vivid Farms, Pedro Telles, do 150 gramas, Telma e Paulo Lopes, do Paelha d’Aldeia e Vítor Adão, do Plano Restaurante, terminam a lista.

Para celebrar a tradição, além de missa e procissão, está agendada uma corrida de touros, pelas 16h00. A festa conta com música, atuação de DJ e fogo de artifício.

Conhecer as aldeias avieiras e o rio Tejo

Caneiras

Há duas aldeias avieiras no concelho de Santarém. Caneiras, onde se realiza o festival Raízes Vivas, com duas ruas paralelas ao Tejo, com uma associação de moradores particularmente ativa, que são parceiros do festival. A segunda, Patacão, fica no concelho de Alpiarça e mantém a sua arquitetura característica, com casas construídas em madeira, sobre estacas, para prevenção das inundações. Estas aldeias foram construídas por pescadores de Vieira de Leiria que migravam para o rio Tejo durante o inverno, para pescar e procurar sustento. Em Escaroupim, no concelho de Salvaterra de Magos, mas próximo de Santarém, encontra o Museu Escaroupim e o Rio, que dá a conhecer a importância do rio Tejo e dos seus afluentes. Pode ainda fazer a Rota dos Avieiros, um percurso cultural que promove a visita de várias aldeias avieiras, incluindo as do distrito de Santarém, e oferece diversas atividades como passeios de barco e visitas a museus. Com a empresa Rio-a-dentro pode explorar as ilhas do rio Tejo.

Percorrer a Capital do Ribatejo

Sé Catedral de Santarém
CM Santarém

Comece a visita pelo Jardim das Portas do Sol, com um miradouro com vistas para a lezíria e para o Tejo, local de frescura e tranquilidade. É um jardim delimitado por antigas muralhas, que nos tempos da Reconquista Cristã, no século XII, constituía uma das oito portas de entrada na cidade de Santarém. Depois, percorra as ruas da cidade à procura do património religioso. Ao todo, na cidade, há 13 igrejas, destacando-se entre todas a Sé Catedral de Santarém, anteriormente conhecida como Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Colégio dos Jesuítas ou Igreja do Seminário. É onde encontra o Museu Diocesano de Santarém, com uma exposição permanente cerca de 150 peças, principalmente arte sacra, de um total de 300 que foram alvo de reabilitação. Santarém é também conhecida como a Capital do Gótico, devido ao seu riquíssimo património arquitetónico, nomeadamente as igrejas e monumentos que evidenciam este estilo. Destacam-se, dentro deste estilo, a Igreja da Graça, um dos exemplos mais marcantes da arquitetura gótica na cidade e a Igreja do Santíssimo Milagre. A empresa Entre Margens organiza caminhadas na cidade e nos arredores, mostrando todo o património local.

Caminhar por Santarém

Rio Tejo
Tiago Miranda

Há três percursos recomendados, como o Encosta do Sol, com partida e chegada ao Miradouro de S. Bento, com vistas privilegiadas sobre a lezíria, rio Tejo e a paisagem das encostas de Santarém. O percurso Tejo à Vista é feito da Ribeira a Alfange no leito de cheia do rio Tejo, junto à margem. De Alfange até às Omnias é feito no sopé da encosta dos Capuchos, com vistas quer para o rio e campo, quer para as colinas, sobrevoado por bastantes aves migratórias e de rapina. O Aos Pés do Tejo começa na Praça José Vitorino de Carvalho, e segue pela estrada de campo, que atravessa a lezíria, planície aluvionar, da Ribeira de Santarém até Vale Figueira.

Doces conventuais e tradicionais

Pampilho

O Pampilho presta homenagem aos campinos devido à forma e ao nome, que remete para a vara usada para conduzir o gado. Habitualmente recheado de doce de ovos e canela, também pode ter recheio de chocolate. Foi criado na Pastelaria Bijou (Tel. 243322905), segundo o proprietário, “quase por brincadeira”, uma vez que já andavam fartos de confecionar Celestes e Arrepiados, os doces típicos da cidade. Há ainda o Beija-Me Depressa, um doce inspirado na doçaria conventual, criado em 1960 na Estrelas de Tomar (Tel. 249313275). Ganhou o nome devido ao hábito de os trabalhadores fabris, quando iam de fim de semana a casa, levarem uma caixa como oferta às mulheres. Os Celestes foram criados pelas freiras do Convento de Santa Clara, sendo feitos com amêndoa sem pele, gemas de ovo, açúcar e folhas de hóstia, resultando num doce com um invólucro crocante. Já os Arrepiados surgiram para aproveitar as claras de ovo que sobravam da confeção dos Celestes. São feitos de amêndoa torrada em fatias finas, misturada com claras batidas em castelo e açúcar, formando bolinhos, depois cozidos no forno. São ambos produzidos na Celestes & Companhia (Tel. 243 153 124) que nasceu para dar continuidade aos doces conventuais de Santarém.

Comer e dormir em Santarém

Ó Balcão
ARNALDO CELLANI JUNIOR

Todos os anos a Casa do Campino é a sede do maior festival gastronómico nacional. De 16 a 26 de outubro recebe o 44.º Festival Nacional de Gastronomia, com um foco na diversidade e na riqueza da gastronomia portuguesa, o festival é o local ideal para quem deseja explorar as tradições culinárias de várias regiões do país, desde os pratos mais tradicionais até às mais recentes inovações gastronómicas. O programa estará disponível em breve. Quanto a restaurantes, o Ó Balcão (Tel. 243055883), premiado com um Garfo de Ouro pelo Guia Boa Cama Boa Mesa em 2025, liderado pelo chef Rodrigo Castelo, é o maior embaixador gastronómico da região. Com uma estrela Michelin, a sustentabilidade está na ordem do dia. Os peixes do rio, com a barriga da carpa e as ovas de lúcio-perca, brilham na ementa. Na cozinha, o máximo aproveitamento de cada ingrediente é ponto assente. O Chapa 7 (Tel. 243302200) é um restaurante e marisqueira que já ganhou lugar cativo no roteiro gastronómico ribatejano, seja pela qualidade do produto, seja pelo serviço. Oferece uma enorme variedade de sugestões como arrozes caldosos, as açordas e a “Massada de lavagante”. Já no Deselegante (Tel.243351118) sugere-se “Bochechas de bacalhau”, com mangusto, acompanhamento típico da região ribatejana, ou os “Secretos da papada”. A Taberna do Quinzena (Tel. 243322804) é considerada a “catedral” da cozinha ribatejana. Nas especialidades da casa, ganha o “Bife Can-Can”, com um molho, que pede pão.

Quinta da Cabrita

No alojamento A Casa Brava (Tel. 912852261) encontra quatro novos quartos no edifício adjacente ao lounge exterior, onde está a piscina deste alojamento situado no centro histórico. Acrescem sete quartos, dois instalados em apartamentos e um estreado este ano. Na Casa da Amieira – Hotel de Charme (Tel. 249877080) há 10 quartos, dos quais dois são suítes, na casa principal e 10 novos bungalows para casais. Somam-se aos 12 já existentes, ideais para famílias e onde são permitidos animais de estimação. A Quinta da Cabrita (Tel. 910654263) datada do século XVIII, dispõe de cinco casas de campo. Todas partilham a arquitetura e o mobiliário antigo, complementado por peças atuais, a par de quadros a contemplar e livros a folhear com tempo.

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