Na avenida da Liberdade, em Lisboa, o maior luxo desta renovada cervejaria serve-se à mesa
A renovada Cervejaria Liberdade reabre a 3 de junho
Francisco Nogueira
Em plena avenida e agora com bar e esplanada, a Cervejaria Liberdade apresenta-se à cidade de Lisboa renovada na decoração e com identidade reforçada. À mesa, peixe e marisco nacionais brilham, ao lado de clássicos como “Bife tártaro à Tivoli” e “Sopa de morangos”
O calendário precisa de recuar até 1961 para se conhecer a história do restaurante que, esta semana, renasce em plena avenida da Liberdade, em Lisboa. A génese da Cervejaria Liberdade, agora com nova decoração interior, um novo bar para uma refeição rápida e uma pequena esplanada, que integra a oferta gastronómica Tivoli Avenida da Liberdade, está associada à segunda fase de ampliação desde icónico hotel da capital.
Hoje, peixe e marisco nacionais brilham, ao lado de clássicos como “Bife tártaro à Tivoli” (€32), “Arroz de marisco” (€39) e “Sopa de morangos” (€19), e opções petisqueiras, entre “Croquetes de novilho”, “Peixinhos da horta” (€13), “Camarão com alho e malagueta” (€19) ou “Pica-pau do lombo” (€29). Juntam-se ainda as travessas marisqueiras, aqui denominadas “Plateau”, com três variações: “Cervejaria”, “Avenida” e “Liberdade”, que podem ser compostas por ostras, recheio de sapateira, camarão, amêijoas e até lavagante (desde €80).
Viagem no tempo
Marisco, uma das apostas da Cervejaria Liberdade
Hayley Kelsing
Resume-se esta viagem com alguns apontamentos da história da atual Cervejaria Liberdade à data em que abriu portas no então Hotel Tivoli, inaugurado em 1933. Na década de 50 do século passado, o arquiteto Porfírio Pardal Monteiro desenhou a união do edifício ao Palacete Liberdade 185. Este projeto seria a base para o novo Tivoli, que apenas em 1961 é inaugurado. Mantém-se, ainda hoje, o imponente hall de entrada e o marcante pé-direito duplo, também assinados por Pardal Monteiro. Foi nesse ano que abriu portas o restaurante Zodíaco, nome inspirado na tapeçaria “Os Signos do Zodíaco”, da Manufactura de Tapeçarias de Portalegre, a partir de um desenho original do pintor Jean Lurçat.
Esta peça única continua a marcar o fundo da sala principal, resistindo aos vários conceitos gastronómicos que se instalaram no espaço, como o restaurante Beatriz Costa, que prestava homenagem a uma das ilustres hóspedes do hotel, e a Brasserie Flo, que em 2008, agitou o panorama da oferta restaurativa da capital ao oferecer a Lisboa o espírito das grandes brasseries parisienses, com pratos emblemáticos como as ostras e o bife tártaro preparado na sala à vista do cliente. O calendário assinala o ano de 2017 e o Tivoli Lisboa anuncia a abertura da Cervejaria Liberdade: uma abordagem pioneira na época ao adicionar luxo, beleza, conforto e serviço de qualidade ao ambiente de uma cervejaria.
Aquário, novo bar para petiscos e esplanada
O novo bar da Cervejaria Liberdade, em Lisboa
Francisco Nogueira
Nestes primeiros dias de junho, a Cervejaria Liberdade volta abrir portas, após um período de obras e renovação. “Um regresso às origens com um novo brilho” sumarizam os responsáveis do restaurante, que acrescentam: “Fiel a um legado gastronómico que não passa despercebido — e de olhos postos no futuro — este clássico de sempre, agora renovado, reabre com uma proposta que une os sabores tradicionais a um ambiente elegante e acolhedor”.
Assumindo a continuidade, a Cervejaria Liberdade reforça a aposta em peixe e marisco fresco, que está à vista, no bonito aquário e na banca, logo à entrada do restaurante que ganhou uma vista ampla para o movimento da avenida.
O famoso "Bife tártaro à Tivoli", um dos clássicos do restaurante
Hayley Kelsing
No interior, uma referência para o novo bar, onde se pode fazer uma refeição ligeira ou petiscar, e para a garrafeira. Já no exterior, ganha destaque a tentadora esplanada com duas dezenas de lugares.
O novo projeto de interiores, da autoria da Martinez Otero, pretende ser “um tributo ao mar, à tradição lisboeta e à elegância contemporânea”. A sala principal mantém a imponência original e, ao fundo, a famosa e já referida tapeçaria. Há ainda loiça Vista Alegre, toalhas e guardanapos da Lameirinho. Elegância e luxo q.b.
“Camarão com alho e malagueta”
BCBM
Alma cervejeira e novidades
Marisco fresco e peixes do dia preparados com simplicidade e rigor são a aposta central da renovada Cervejaria Liberdade, com cozinha a cargo do chef Miguel Silva. Disponibilizado ao peso, o peixe pode ser preparado grelhado, cozido, assado ou à meunière, consoante o gosto e a época.
Com Menu Executivo (desde €35) ao almoço dos dias de semana, a ementa viaja por entradas variadas: “Rissol de camarão” (€14), “Recheio de sapateira” (€25), servido com tostas de pão de Mafra, “Creme de marisco” (€18) e “Salada Cervejaria” (€34), com lavagante, guacamole, gel de manga e telha de tapioca. Nas opções fixas de peixe destacam-se “Bacalhau à Brás” (€29), “Filetes de peixe-galo” (€32), com arroz malandrinho de tomate, o guloso “Arroz de peixe” (€36) e o clássico e bem recheado “Arroz de marisco”.
“Perna de pato confit”, com arroz de enchidos
Hayley Kelsing
Com preparação elaborada pela equipa de sala e à vista do cliente, o “Bife tártaro à Tivoli” é obrigatório para sentir a identidade do espaço e “com condimentos ajustados ao gosto de cada um”. Ainda nas carnes, referência para o “Lombo de novilho à Cervejaria” e para a “Perna de pato confit” (€34), uma surpresa que merece uma segunda volta potenciada pelo conforto e sabor do arroz de enchidos.
“Estamos a evoluir sem mudar o legado do espaço. A cozinha é descomplicada, pensada para ser eficiente e saborosa. Acima de tudo, fiel ao que sempre fomos”, reforça Miguel Silva. Refira-se ainda a renovação da carta de vinhos, com extensão na loja no topo do hotel a funcionar em parceria com a Garrafeira Nacional. As cervejas artesanais vão também começar a surpreender.
“Sopa de morangos” e o novo “Doce da casa”
"Crepes Suzette" na Cervejaria Liberdade
Hayley Kelsing
Dando continuidade aos clássicos, também nas sobremesas várias são as opções preparadas ou finalizadas em frente do cliente, como os sempre surpreendentes e incontornáveis Crepes Suzete (€16) e a “Sopa de Morangos” (€19), uma raridade por estes dias. É também preparada numa frigideira. Amaciam-se os morangos juntamente com açúcar, canela e licor de cereja. Depois, adiciona-se aguardente kirsh para flamejar. Finaliza com uma bola de gelado de baunilha por cima da “sopa”.
“São pratos que contam a história não só da cozinha, mas do próprio hotel”, que continuam a ser “pedidos, repetidos e celebrados”, referem os responsáveis da Cervejaria Liberdade. Com a mão conhecedora (e sábia) da chef de pastelaria Mónica Azevedo, juntam-se outros clássicos da doçaria como “Farófias tradicionais” (€10) e “Leite creme queimado”, e o grande resistente da restauração nacional: o “Doce da casa” (€14), em camadas e composto por café em pó, pannacotta de baunilha, crumble, creme de leite e cremoso de café. Junta-se, ainda, a recriação, muito bem conseguida, do popular “Bolo de bolacha”, montado na mesa e em frente ao cliente. É montando em camadas, com as excelente bolachas, tipo “Maria” confecionadas propositadamente pela chef Mónica.
Bar da Cervejaria Liberdade
Hayley Kelsing
A Cervejaria Liberdade (Tivoli Avenida Liberdade, Avenida da liberdade, 185, Lisboa. Tel. 213198620) funciona todos os dias, sem interrupção, das 12h30 às 23h30.