À descoberta de Mafra, ao som de carrilhões e da brama dos veados
Tapada Nacional de Mafra
Pedro Paiva Sa
A menos de uma hora de Lisboa, Mafra é famosa pelo majestoso palácio-convento, mandado construir pelo rei D. João V. A pouca distância, encontra-se a magnífica Tapada de Mafra, em tempos reserva de caça da corte, e que até novembro é palco de um acontecimento único: a brama dos veados
Às portas de Lisboa, o concelho de Mafra é um dos destinos incontornáveis na chamada região saloia, com papel fundamental no abastecimento de produtos hortícolas à capital. Famosa pelo majestoso Palácio Nacional, onde ainda ecoam os carrilhões, guarda também a uma área verde protegida, que foi reserva de caça da corte. O município, que se estende até ao mar, é também zona de veraneio, com algumas das melhores praias da região Oeste, localizada na Ericeira. O pão e o marisco têm fama nacional e a Reserva Mundial de Surf atrai turistas de todos os pontos do globo.
Siga a rota de descoberta de Mafra:
Palácio Nacional de Mafra
Visitar o palácio e ouvir os carrilhões Explica o município, que o Real Edifício de Mafra é um Sítio Cultural inscrito na Lista do Património Mundial pela UNESCO, em 2019, integrando o Palácio Real, a Basílica, um Convento, o Jardim do Cerco e uma vasta tapada. Com mais de 1200 hectares classificados, este é o maior monumento nacional português, destacando-se o palácio-convento, mandado construir pelo rei D. João V e edificado entre 1717 e 1730. No interior destaca-se uma das mais importantes bibliotecas iluministas da Europa, com cerca de 30.000 volumes. Nas torres da Basílica destacam-se os sois carrilhões com um total de 98 sinos; e no interior desta capela real, seis históricos órgãos históricos. Ao longo do ano, nas tardes de domingo, é possível assistir e, principalmente, ouvir os concertos de carrilhões.
Jardim inspirado em Versalhes Espelhos de água, alamedas largas, uma nora centenária e árvores frondosas, são apenas alguns dos atrativos do barroco Jardim do Cerco, junto ao Convento de Mafra. O bosque e os jardins estendem-se por oito hectares, com ofertas de recantos, sombras, cascatas ou até mesmo uma horta peculiar: a Horta dos Frades, com plantas de uso medicinal, e o Horto das Aromáticas, com quase quatro dezenas de plantas. O jardim está aberto das 9h00 às 17h00 e a entrada é livre.
Tapada Nacional de Mafra
Brama dos veados Gamos, javalis, veados, raposas, várias espécies de águias e outros animais selvagens podem ser visitados naquela que é a maior reserva natural às portas de Lisboa. Floresta autóctone com mais de 800 hectares, foi criada pelo rei D. João V como recinto de caça para si e a corte. Atualmente, a Tapada Nacional de Mafra (tel. 261814240) oferece diversão para toda a família. Além dos animais e espécies vegetais, tem percursos pedestres, trilhos de BTT, passeios em carro elétrico, espetáculos com aves de rapina e um parque de merendas. Até novembro, é possível ouvir a brama dos veados, que é o nome dado às vocalizações para atrair as fêmeas e afastar machos rivais durante a época de reprodução. Os sons emitidos pelos veados designam-se por bramidos e os dos gamos por roncos. O passe do dia para acesso à tapada custa €17,50.
Apadrinhar um lobo ibérico Já com animais nascidos em cativeiro, o Centro de Recuperação do Lobo Ibérico (Tel. 261785037), localizado no Gradil, é um santuário dos animais que, por alguma razão, não conseguem sobreviver em liberdade. Além de poder visitar o espaço, onde pode contactar com animais desta espécie rara, também é possível apadrinhar um lobo. Saiba como após visitar no local, que está aberto apenas aos fins de semana. A entrada custa €10, com obrigação de agendamento através email: crloboiberico@ciencias.ulisboa.pt.
Aldeia da Mata Pequena
Francisco de Almeida Dias
Dormir na aldeia Ana e Diogo Batalha tiveram o sonho de recuperar uma pequena aldeia saloia, a Aldeia da Mata Pequena (Tel. 21927090), e transformá-la em turismo. Simples, rústicas e acolhedoras, são 12 as casas que voltaram a trazer vida a um aglomerado de ruínas, em Igreja Nova. No interior há mobiliário e utensílios que contam histórias. Todas as manhãs, o pão de Mafra é deixado quentinho à porta de casa, para o pequeno-almoço.
Quinta de Sant’Ana Datada do século XVII, onde os 10,5 hectares de vinha recuperada sobem a colina até à Tapada Nacional de Mafra. Em 2016 foi feita a conversão para a produção de vinho biológico e criadas condições para a oferta de enoturismo. Da fundação da Quinta de Sant’Ana (Tel. 261 963 550) permanece a Capela de Sant’Ana, com a torre sineira, e a adega de traço rústico, características respeitadas pelos anfitriões James e Ann Frost, que desde 1992 se renderam aos encantos deste lugar idílico. Na vertente de alojamento, há cinco casas à disposição, com a tipologias, que acomodam entre 4 a 10 pessoas. A oferta de lazer inclui ainda dois programas de provas de vinhos, com visita à vinha, à adega e à capela, jantares vínicos, piqueniques e workshops.
Pão de Mafra
Tradições saloias Não deixe de parar na localidade do Sobreiro para fazer uma visita à encantadora Aldeia-Museu Típico de José Franco (Tel. 261815420) ou Aldeia Saloia, como também é conhecida. Nascida nos anos 60 pelas mãos do oleiro José Franco, esta aldeia em miniatura tem réplicas das antigas oficinas e lojas, dos espaços vividos, decorados e apetrechados por objetos reais, onde se reproduziam os costumes e atividades laborais ligada à vida camponesa da região de Mafra. Tem, também, uma área dedicada às crianças, repleta de miniaturas de casas e habitantes, que retratam as atividades exercidas na época: trabalhos no campo, carpintarias, moinhos de vento, capelas, mercearias, escolas, adegas, camponeses e até uma reprodução da vila piscatória da Ericeira e dos ofícios ligados ao mar. A visita é gratuita. No final, prove o vinho da região na taberna local e coma pão com chouriço.
Casta Jampal produzida pela Manzwine
Manzwine
Descobrir a casta Jampal Em tempos, a realeza costumava parar em Cheleiros para se abastecer de vinho, a caminho das caçadas na Tapada de Mafra. A “ponte romana” dava passagem aos reis e por ela também passaram as pedras para construir o Convento de Mafra. Hoje, é o cartão-de-visita de uma localidade, a 10 km de Mafra, que os vinhos ManzWine voltaram a colocar no mapa. Aproveite os programas de enoturismo, com visitas ao Lugar do Vinho e ao Antigo Lagar, acompanhadas de uma prova de vinhos, e fique a conhecer a Jampal, uma casta branca que se julgava extinta. Com o produtor pode ainda agendar passeios de aventura, em BTT, ao longo do rio Lizandro.
Surf na Ericeira
CM Mafra
Surf na Ericeira Ribeira d'Ilhas tem a mais famosa onda da Reserva Mundial de Surf, estatuto conferido em 2011 a sete ondas de sete praias da Ericeira, todas numa extensão de apenas 4 km. A onda é considerada uma das melhores direitas da Europa, muito competitiva. Das mais conhecidas como Ribeira D’Ilhas, São Lourenço e Pescadores, faça uma paragem no Porto da Calada, que muito dizem ser “o Algarve do Oeste”, e na Foz do Lizandro, que acumula a beleza de ser praia de mar e praia fluvial. Com a Ericeira Surf School (Tel. 917631151), além de aulas para crianças ou em grupo, vai ter a oportunidade de descobrir os melhores spots para surfar. Embora o mar seja agitado e a água fria, tornando-se pouco atrativa para banhos, tem qualidade de ouro certificada pela Bandeira Azul.