Restaurante em Montemor-o-Novo guarda uma coleção de receitas tradicionais alentejanas
“Sargalheta”, “Tomatada” e “Coelho à São Cristóvão” são exemplos a destacar no acervo de pratos alentejanos de Maria José Banha, que com o marido, António Henrique, lidera o Café Restaurante São Cristóvão, nos arredores de Montemor-o-Novo
Uma breve introdução: em 2011, Maria José Banha, mais conhecida por Bia, entrega-se à missão de cozinheira e mentora da partilha do receituário alentejano à mesa no primeiro restaurante, localizado em Escoural, freguesia de Montemor-o-Novo, vizinha de São Cristóvão. A experiência prolonga-se ao longo de vários anos, até que, em 2018, quis o destino que, com o António Henrique, regressasse à aldeia de nascença de ambos: São Cristóvão. “Juntou-se o útil ao agradável”, afirma Maria José.
Fiel à feitura de pratos confecionados como antigamente, Maria José Banha serve, agora, no Café Restaurante São Cristóvão, o “Cozido alentejano” de verão, com grão, feijão-verde e abóbora. A variedade de carnes também é maior. No inverno, são as couves, os nabos e o feijão seco que imperam. Ambos são cozinhados numa panela em barro e “vai ao lume de azinho. No verão, tudo acontece lá fora”, no forno aberto, instalado no exterior da cozinha do Café Restaurante São Cristóvão. Quando o frio aperta, aproveitam-se os recursos: “a panela vai ao lume da lareira da sala do restaurante.” Independentemente da estação do ano, é preparado às seis horas da manhã. Mas os preços variam. “Se for uma panela pequena são €20 e dá para duas ou três pessoas. A panela maior é €55 e é servida até dez pessoas”, explica a cozinheira.
Pezinhos de coentrada - Restaurante São Cristóvão
“Passa tudo pelas mãos da Maria José”, afirma, orgulhoso, António Henrique, que tudo sabe sobre a arte de bem receber e perguntar se está do agrado de quem saboreia os pratos feitos pela mulher. “Tento sempre fazer o mais original possível”, como a avó ensinou, e “tentamos optar pelos produtos da altura do ano e daqui”, assegura a cozinheira do Café Restaurante São Cristóvão, que mantém o legado da proprietária e fundadora, Almerinda de Jesus de Carvalho, mais conhecida por Dona Minda, que chegou a ser objeto de crítica por José Quitério, nas páginas do Expresso, em 2005.
“Sopa de cação” (€9), como manda a cartilha, “Tomatada em pingo de toucinho” (€9), com choruiço que, no estio, prepara com uvas e figos, e “Sargalheta” (€9), com batata, bacalhau e ovo escalfado, são sugestões para um começo de refeição tipicamente alentejana. “Galinha assada no forno” (€25/quatro pessoas), com batata e cebola e “Galinha de cabidela”, feitos “com galinha mesmo do campo”.
Depois há a “Vitela no tacho” (€12), feita a partir de carne estufada e acompanhada por legumes “cozidos no vapor do cozido da carne. Era um prato que, antigamente, era preparado pelas famílias mais abastadas”. Juntem-se as tradicionais “Migas de carne de alguidar” (€10), outro prato a experimentar, e o “Coelho à São Cristóvão”. Há quem o peça como entrada (€4). Outros preferem como prato (€12). “É coelho grelhado e servido em vinagrete”, explica.
Sala do Restaurante São Cristóvão
Para Maria José Banha, o Café Restaurante São Cristóvão (Rua 8 de Março, 5, São Cristóvão. Tel. 266837058) reflete a vontade que tem em honrar a gastronomia alentejana, ou não fosse a garrafeira recheada por vinhos da região. Durante a reserva, imperativa devido à afluência de clientes, vai certamente ouvir a pergunta “o que quer vir comer?” de quinta a terça-feira, entre as 12h00 e as 15h00.