Verdadeiro santuário de biodiversidade, o Parque Natural do Corvo convida a percorrer um vulcão extinto. Mas, na mais pequena das ilhas do arquipélago dos Açores há muito mais para explorar e conhecer
Jornalista
É a ilha mais pequena dos Açores, mas a enorme riqueza natural que guarda fez o Corvo ganhar outra dimensão quando, em 2007, passou a integrar a rede mundial de Reservas da Biosfera pela UNESCO. Ganhou protagonismo nacional, mas principlamente internacional. Gradualmente, foram chegando mais visitantes em busca de um destino desconhecido e inóspito.
Com uma paisagem deslumbrante, rodeada por arribas escarpadas, o Parque Natural do Corvo merece, mais do que uma visita de algumas horas, tempo para ser apreciado, até porque o clima é incerto, e vale a pena esperar pelo dissipar de um nevoeiro repentino para viver todo o esplendor da paisagem. Com perto de 777 hectares e uma altitude máxima de 720 metros, inclui a maioria do litoral da ilha e os seus ilhéus, bem como o vulcão do Caldeirão do Corvo.
Vá preparado para caminhar. Esta é a melhor forma de conhecer a ilha com apenas 7 km de estrada alcatroada e 465 habitantes. O percurso começa no Caldeirão, um vulcão extinto que deu lugar à maior atração da ilha. Para aqui chegar tem duas alternativas: a pé, partindo da Vila do Corvo, numa caminhada de cerca de 6 km, sempre a subir, ou pedindo que o levem de automóvel até ao topo. Não há propriamente transportes na ilha mas os habitantes estão habituados a ajudar os viajantes e há empresas de turismo como a Corvo Travel (Tel. 912012404) ou a Carlos Reis Unipessoal (Tel. 961669605) que fazem a ligação até ao Caldeirão. Lá em cima, no Miradouro do Caldeirão, demore-se a apreciar a vista sobre a caldeira ocupada por uma lagoa e por alguns cones vulcânicos de pequena dimensão que, segundo a cultura açoriana, representam as nove ilhas dos Açores.
A descida até à Caldeira faz-se pelo Trilho do Caldeirão, um percurso circular de 4,8 km, que está inserido na Área Protegida para a Gestão de Habitats ou Espécies da Costa e Caldeirão do Corvo. Devido às altitudes do trilho é aconselhável que se informe de antemão sobre as condições meteorológicas previstas para garantir que vai apanhar bom tempo e visibilidade. O caminho vai-se revelando por entre flora dominada por musgão, hortêsias, uma paisagem muito verde e encontros com vacas e cabras que ali costumam pastar.
Entre a descida à caldeira e o regresso ao miradouro demora cerca de 2h30, mas a caminhada não tem de ficar por aqui.
Da Cara do Índio aos mergulhos no Cais
De volta ao topo, continue o périplo pelo Trilho Cara do Índio, que une o Caldeirão à Vila do Corvo. Uma parte deste percurso faz-se ao longo da estrada mas assim que se afasta as paisagens voltam a deslumbrar. O caminho é quase sempre a descer e tem vistas para a ilha vizinha das Flores. Na direção da Falésia encontra-se uma rocha de basalto onde os habitantes acreditam que a erosão esculpiu a cara de um índio. A partir daqui a inclinação acentua-se por um atalho ladeado de urze e cedro-do-mato. A arquitetura das casas e as ruas estreitas da Vila do Corvo já se avistam.
Não deixe de visitar a Igreja de Nossa Senhora dos Milagres, os antigos moinhos de vento, a Casa do Tempo - Ecomuseu do Corvo (Tel. 292596063) e saiba mais sobre este santuário natural no Centro de Interpretação de Aves Selvagens do Corvo (Tel. 292596051). Finalmente, mergulhe no Atlântico, na Praia da Areia, ou no Cais onde atracam os barcos que ligam as ilhas do Corvo e Flores.
Para chegar ao Corvo não há voos diretos. A viagem terá sempre escalas em São Miguel, na Terceira ou na ilha do Faial. Outra opção será voar até às Flores e fazer a travessia de barco.
Onde comer e dormir no Corvo:
Restaurante Caldeirão
É o único restaurante da ilha e fica situado entre o aeroporto e o centro da Vila do Corvo. Ao almoço serve sempre buffet, disponibilizando dois pratos de carne e um de peixe, e ao jantar funciona à carta. Se optar pela carne, saiba que vem sempre de animais locais, criados na própria ilha. Entre as iguarias mais populares aqui servidas estão as famosas lapas, prato muito típico e apreciado nos Açores. Para sobremesa experimente o gelado de bolacha mulata, uma receita do próprio restaurante, feita com estas bolachas açoreanas, produzidas na ilha de São Miguel.
Preço médio: €16
Tel. 292 596 084
Snack Bar BBC
A abreviatura do nome denuncia a sua localização. O BBC (Bar Bombeiros do Corvo) está situado na sede social da Associação de Bombeiros Voluntários da Ilha do Corvo e serve refeições ligeiras a quem por lá passa. Da ementa constam hambúrgueres, bifanas, francesinhas ou asinhas fritas. Em dias especiais há música ao vivo e em datas específicas como a Páscoa, Carnaval ou fim de ano o menu pode variar. É um espaço descontraído e animado nas noites de verão.
Preço médio: €6
Tel. 292 596 030
Joe & Vera’s Vintage
As paredes brancas debruadas a cor escura, a dissimular o basalto, e o pátio cuidado à entrada, recebem quem vem ficar no Joe & Vera’s Vintage. O alojamento situa-se junto à igreja de Nossa Senhora dos Milagres e fica a apenas 15 minutos a pé da praia da Areia. Os quatro quartos, dois duplos e dois twin, têm pátio privativo, televisão, casa de banho e wi-fi gratuíto. O pequeno-almoço está incluído e com marcação pode agendar uma massagem.
A partir de €50
Tel. 914112097
Hotel Comodoro
Já mais próximo da praia da Areia localiza-se o Hotel Comodoro. Tem à disposição dos hóspedes 13 quartos e 6 apartamentos, alguns com vista privilegiada para o mar. Todos os quartos têm casa de banho privativa, ar condicionado, televisão, acesso gratuito à internet e estão equipados com uma kitchenette. O hotel disponibiliza toalhas de praia para os hóspedes e tem também aluguer de bicicletas, prontas para poder partir à aventura pela ilha.
A partir de €55
Tel. 292 596 128
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