“Se alguém nos ajudar, na melhor das hipóteses reabrimos em abril de 2024”, prevê a proprietária do TEIMA
O turismo rural TEIMA, em Odemira, destruído pelo fogo
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Profundamente “revoltada”, com o incêndio que destruiu o alojamento e pela falta de atuação das autoridades, a proprietária, Luísa Botelho, não baixa os braços e diz que quer reconstruir e reabrir o TEIMA Alentejo na próxima primavera
Ainda não foi contactada pelas autoridades locais, “com exceção da direção do Turismo do Alentejo”, mas Luísa Botelho já está a pensar no futuro. “Se alguém nos ajudar, na melhor das hipóteses reabrimos em abril de 2024”, prevê a proprietária do TEIMA, que ardeu na sequência do incêndio, já em fase de resolução, que lavrou no concelho de Odemira e localidades vizinhas desde o passado sábado, 4 de agosto.
“Estamos todos dormentes, imensamente tristes e revoltados”. “Se não tivéssemos obedecido à GNR e tivéssemos ficado cá, tínhamos apagado o foco de incêndio, isto não tinha acontecido, não tivemos apoio de ninguém, não veio cá um bombeiro, vieram ao fim da tarde, a casa já tinha ardido praticamente toda”, conta ao Boa Cama Boa Mesa a proprietária do alojamento rural localizado em Vale Juncal, São Teotónio.
“Falei com a GNR e disse “vou-me embora, mas vocês mandam cá os bombeiros”. “Responderam: “minha senhora está tudo sob controlo””. Não estava. “Não acredito que a culpa seja da GNR, mas sim claramente da chefia da proteção civil”, salienta.
Luísa Botelho assinala o investimento feito ao longo dos anos, desde a abertura, em 2014, que representa uma perda “entre 600 a 650 mil euros”. “O meu seguro paga um décimo do investimento que está ali feito”.
Garante que vai tentar “algum apoio da Câmara Municipal ou do Turismo de Portugal”, mas queixa-se do facto de ninguém a ter contactado. “A única pessoa que nos telefonou até agora foi o diretor do Turismo do Alentejo, mais ninguém”, apesar de o TEIMA ser “um turismo premiado, uma referência nesta região”.
TEIMA Alentejo
Apesar de extremamente dinâmica, ainda não se sente capaz de traçar todos os cenários, juntando a este sentimento a angústia de perceber que o alojamento “não foi defendido como outros [das chamas]”. Mesmo com ajuda das entidades oficiais, se tudo correr bem “na melhor das hipóteses reabrimos em abril de 2024.”
O edifício da receção sobreviveu aos fogos, mas na “ala mais bonita, ardeu tudo, só um quarto não foi atingido porque ainda conseguiram salvá-lo quando o socorro chegou à 18h30 ou 19h00”.
Neste momento, Luísa Botelho “não conseguiria de todo abandonar o projeto a não ser que seja obrigada”. Percorre mentalmente os vários aspetos que distinguiam o alojamento, desde “as obras de arte como quadros originais, as janelas desenhadas por Siza Vieira, a madeira de sucupira de que eram feitos os alojamentos, ou ainda a linda ponte em madeira que custou cerca de 50 mil euros, os estacionamentos para os automóveis e os estábulos… tínhamos tudo do bom e do melhor”.