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Festival celebra lobo ibérico e tradições seculares em aldeia do Gerês

Fafião
Fafião
DR

O festival comunitário Aldeia de Lobos, que decorre nos dias 7 e 8 de julho, em Fafião, no concelho de Montalegre, no Gerês, visa a preservação do lobo ibérico e de tradições seculares como as vezeiras ou as carrejadas.

O festival comunitário Aldeia de Lobos, que decorre no fim de semana de 7 e 8 de julho na aldeia de Fafião, em Montalegre, tem como grande objetivo a preservação do lobo ibérico e as tradições seculares como as vezeiras ou as carrejadas. “Na aldeia onde o lobo era levado para morrer, nasceu em 2018 um festival em prol da sua preservação”, recorda a Associação Vezeira.

É junto a Fafião que se encontra um dos maiores e mais bem preservados fojos do lobo da Península Ibérica e também o mais próximo de uma povoação. Construída entre o final do século XV e o início de XVI, a enorme armadilha é uma estrutura de muros em pedra com mais de dois metros de altura, ao longo 64 metros de comprimento, que se vão estreitando até desembocarem num poço com 3 metros de profundidade. Pela terra de montanha há outros, mas este, que deixou de ser utilizado em 1948, é um dos mais imponentes e bem preservados. Agora, o trabalho é feito em sentido inverso, em prol da preservação do lobo e das tradições ancestrais.

Miradouro de Fafião
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O toque das buzinas, cornos usados para chamar o gado, dá o pontapé de saída do festival que se espalha pelas ruas da aldeia e ocupa as cortes onde os animais pernoitam, que se transformam em galerias que vão acolher exposições e instalações artísticas que incluem fotografias sobre o Parque Nacional da Peneda-Gerês, bem como o fojo, antiga armadilha para os lobos.

A iniciativa inclui ainda exposições de escultura, pintura, fotografia e murais de arte urbana, e a música tem também um lugar de destaque neste festival, com grupos locais, concertos e atuações de DJ. O programa inclui um workshop sobre técnicas de apicultura, uma aventura por um trilho ancestral, um mercado com produtos produzidos nos campos da aldeia e uma tertúlia onde estarão em destaque os vezeireiros da aldeia.

Fojo do lobo
Associação Vezeira

A tradição das vezeiras visa o pastorear à vez pela serra, seja o gado bovino ou caprino, e as carrejadas dizem respeito à sementeira do centeio na serra, em locais que se podem localizar a cerca de 1.200 metros de altura e a uma distância que pode atingir perto de 10 km da aldeia mais próxima.

“Porque a preservação do património de Fafião também merece destaque”, durante os dias do festival, os visitantes podem acompanhar uma exposição biográfica dos santos que compõem o interior da capela da aldeia, explicou à Lusa, Júlio Marques, da Associação Vezeira.

Poço Verde, em Fafião
Associação Vezeira

O miradouro e o Poço Verde

Ponto alto da visita à aldeia é o recente miradouro, inaugurado em 2020, local privilegiado para mirar a incrível panorâmica sobre o imenso e belo Gerês. A 800 metros de altitude, chega-se ao Miradouro de Fafião - um equilíbrio entre dois enormes penedos, ligados por uma ponte - depois de um percurso subindo o monte, desde a zona do Fojo do Lobo, para, do alto, avistar a serra, dois rios - Cávado e Cabril - e boa parte da aldeia de Fafião.

A curta distância, há outros locais de interesse mais próprios para primavera e o verão, época em que poderá banhar-se nas águas cristalinas que por aqui correm abundantes, como o Poço Verde, uma lagoa cristalina a que os tons esverdeados deram nome, o vizinho Poço Negro, e a Barragem de Salamonde. Além de conhecer a prática comunitária da vezeira, característica das comunidades serranas mais isoladas, a partir do pólo da Vezeira e a Serra, do Ecomuseu de Barroso é possível percorrer os trilhos dos pastores, conhecer as cabanas e currais, os moinhos e os lagares. Uma forma de conhecer mais sobre as gentes e a terra, a que não falta nova dinâmica, mas que não perde a essência de lugar místico, pleno de histórias e lendas.

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