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Há uma nova adega com restaurante ao estilo izakaya no Cartaxo

Há uma nova adega com restaurante ao estilo izakaya no Cartaxo

Ode Winery é o nome do mais recente produtor de vinhos do concelho do Cartaxo. À vinha e à adega, juntam, agora, o restaurante Cellar Door, inspirado nas tascas japonesas. O alojamento é o próximo passo

Ninguém fica indiferente ao enorme edifício localizado no coração de Vila Chã de Ourique, no concelho do Cartaxo, distrito de Santarém, na região dos Vinhos do Tejo, agora pertencente à dupla de australianos David Clarkin e Andrew Homam. Apaixonados por Portugal, pensaram, inicialmente, em investir em Melides, mas houve quem os convencesse a visitar o imóvel. “Logo no início, pensámos ‘aqui, o investimento em marketing é bastante alto’” e não “era um local muito divulgado”, começa por contar Ana Araújo, CEO/COO da empresa.

Ode Winery

Depois da primeira visita em 2019, no ano seguinte regressam a Vila Chã de Ourique, para conhecer a propriedade de cem hectares, com vinha, montado e olival, situada a dois passos do edifício. “Quando entrámos, vimos logo que tinha um potencial incrível!” Fizeram estudos e, “independentemente do investimento, decidimos avançar”, acrescenta a nossa anfitriã.

Em nome de um passado ligado ao homem visionário, que foi Rogério Ribeiro, proprietário destas terras, e em homenagem às castas autóctones, às quais se quer dar maior primazia, os investidores chegaram ao consenso de chamar ao projeto Ode Winery. “A equipa é feita de locais, mas também de gente de fora”, revela Ana Araújo.

Ode Winery Cellar Door Edamame

Eis a justificação para, d’além-fronteiras, trazerem o estilo izakaya, para o restaurante Cellar Door. O ambiente informal e os sabores das tascas japonesas comprovam o conceito neste espaço instalado num dos lados do enorme edifício, onde também fica a adega. “Temos tantos e tão bons restaurantes no distrito, que, se optássemos pela cozinha ribatejana, este seria mais um”, explica Maria Vicente, responsável pelo departamento de enologia da Ode Winery.

Ode Winery Cellar Door Sui Gyoza

Esta decisão é indissociável da ligação de David Clarkine ao Vietname, onde conheceu o chef nipónico Kazuya Yokoyama, natural de Nagasaki. “Não nos esqueçamos que fomos o primeiro povo europeu a chegar ao Japão”, lembra Maria Vicente, referindo a pequena herança culinária que permanece na cozinha japonesa, como a tempura ou o bolo similar ao nosso pão-de-ló, entre outras, esclarecidas consoante o prato servido à mesa do Cellar Door, da Ode Winery.

Ode Winery Cellar Door Nanbanzuque

A partilha é para levar à letra e tem “Edamame” (€3), os rebentos de soja, neste caso, cozinhados a vapor, para começar. “Tako” (€8) ou polvo estufado em chá verde, com pickles de pepino, algas e sésamo encaminha a refeição para as apetitosas Sui Guyoza (€7), dumpligs de tofu e couve com cebola frita e óleo de coentros. Passe para as Nanbanzuke (€10), o escabeche de dourada frita em tempura, uma espécie de tributo ao molho de escabeche do povo português, a quem os japoneses chamavam “celta” (nanban).

Ode Winery Cellar Door Jagakara e Kara-age

Kara-age (€10) é, nada mais, nada menos, que pequenos pedaços de frango envolvidos em farinha, submergidos em óleo bem quente e servidos com maionese de limão. Acompanhe com “Jagakara” (€6) ou batatas bravas com molho de toban djan e katsuobushi (raspas finíssimas de atum seco).

Ode Winery Cellar Door Oshizushi

Escolha o “Oshizushi” (€12), sushi prensado, técnica japonesa com mais de 400 anos, e termine com as “Buta Kakuni” (€10), feito com bochechas de porco, as quais são braseadas com soja, mirin e gengibre. Despeça-se com “Matcha Pavlova” (€5), a sobremesa composta por merengue de chá verde, com creme de batata doce, morango, lima, caramelo e anis, e chocolate branco com manteiga de algas.

Ode Winery vinhos

A carta de vinhos é constituída apenas pelas referências vínicas da Ode Winery, os monocastas feitos a partir de Arinto, Fernão Pires, Semillon e Viognier, nos brancos, bem como a tinta Touriga Nacional, da colheita de 2022. Este foi o ano da primeira vindima efetuada pelos novos proprietários e sob a batuta de Maria Vicente, que, inicialmente acumulou a função restruturar a vinha existente na propriedade.

Situada a cerca de 600 metros do restaurante e da adega, esta propriedade totaliza cem hectares divididos por 22 hectares de vinha, que “está muito na linha da agricultura regenerativa e sintrópica”, segundo Maria Vicente, 40 de montado de sobreiro e 15 de olival, para além da floresta. A ideia é complementar a oferta, já em 2024, com a implementação de glampings, seguindo-se as villas, no meio da Natureza e da flora autóctone. Piscina e espaço destinado ao bem-estar também estão nos planos. Para já, além da vinha, há uma horta, com produtos cultivados em modo biológico, canalizados para o restaurante Cellar Door, além das galinhas, que se juntaram às ovelhas, para fertilizar o campo.

Ode Winery sala de provas

A par do restaurante e da adega, cujo equipamento de alta tecnologia ali foi instalado em 2005, pelos antigos proprietários, a sala de provas recebe visitas, no âmbito dos programas de enoturismo. As experiências (a partir de €15 por pessoa) vão da visita guiada à adega, que termina com a prova de vinhos no Cellar Door (rua Coronel Lopes Mateus, 13, Vila Chã de Ourique. Tel. 243142209), ao desafio “Seja enólogo por um dia”, aos quais se juntam “Visita à adega e almoço”, bem como a “Introdução ao curso de vinhos e almoço”. A experiência na vindima da Ode Winery depende do calendário da colheita das uvas.

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