Irreverência é sinónimo da chef Marlene Vieira. Minimalismo e elegância também. Os atributos espelham-se em cada pormenor do seu Marlene,, seja nas mesas e cadeiras desenhadas pelo designer Marco Sousa Santos para a Branca Lisboa, seja nos interiores assinados pela dupla de arquitetos Ricardo Paulino e Ivone Gonçalves. Seja à mesa, seja ao balcão, que rodeia a cozinha, instalada no centro da sala, a ideia é absorver serenamente cada momento de uma viagem feita às cegas, em sete (a partir de €95) ou 12 momentos (a partir de €130), e deixar-se conduzir pela harmonização vínica sugerida por Gabriela Marques.
Cozinheira de longa data, Marlene Vieira reúne, neste espaço de restauração, a aprendizagem de uma vida. É como se o restaurante fosse um repositório de muitas das receitas das várias regiões do nosso país. É o caso do “Melão com presunto”, de presença assídua na ementa dos casamentos do norte e centro do país, mas com uma apresentação naturalmente diferente do convencional, graças à criatividade de Marlene. Além da “Broa de milho branco” confecionada, na cozinha do restaurante, de acordo com a receita tradicional da avó da chef. O restaurante Marlene, - escreve-se com a vírgula no final - por ter sido inaugurado em abril de 2022 integrou a lista de novidades do Guia Boa Cama Boa Mesa e conquistou o prémio Revelação. Marlene Vieira foi ainda finalista na corrida À distinção de Chef do Ano 2023.
Para melhor se adequarem às exigências da atualidade no que às tendências diz respeito, os produtos são submetidos às técnicas de cozinha francesa à mais moderna. Tudo é implementado e partilhado, em prol de uma apresentação depurada e, simultaneamente, bela. Sem esquecer as ligações inusitadas, criadas em tom de provocação, como a “Abóbora, carbonara”, prato em que a primeira é apresentada na forma da referida massa italiana. A mesma observação remete-se para o “Lírio, caldo de carne, cogumelos silvestres” ou o “Linguado, espargos brancos, caviar”.
Mas a viagem no restaurante Marlene, tem pequenos desvios, em direção a outras paragens gastronómicas, maioritariamente protagonizadas por matéria-prima nacional, da terra e da nossa costa. Outras há de latitudes distintas. Seja qual for a proveniência, impera a qualidade e a sazonalidade, que obriga à alteração de um prato ou a criação de outro, e os produtos são aproveitados até ao mais ínfimo pormenor, para que o desperdício se aproxime, o mais possível, do zero.
Tudo é preparado ali mesmo, no centro da sala, quase em silêncio, como se de um bailado se tratasse. A delicadeza de cada gesto estende-se ao serviço de mesa, que prima pela cortesia. O “casamento” é perfeito com a subtileza de Gabriela Marques, cuja rigorosa seleção dos vinhos recai nos portugueses, à exceção dos champanhes. Todos são oriundos de pequenos produtores e vão mudando, consoante a estação do ano, já que os dias frios requerem vinhos mais encorpados, ao contrário do que acontece quando o mercúrio do termómetro começa a subir, embora a elegância seja uma condição sine qua non.
Olhado de fora, a arquitetura do restaurante, junto ao Terminal de Cruzeiros de Lisboa, protege quem se senta à mesa e resguarda o espaço, como se assinalasse que ali é o reino de Marlene, que se pode ser conhecido, de forma complementar, no vizinho Zumzum Gastrobar, de ambiente informal e esplanada a condizer.
Em suma, o restaurante Marlene, (Av. Infante D. Henrique, Doca Jardim do Tabaco, Terminal de Cruzeiros de Lisboa, Lisboa. Tel. 912626761) é, no que ao alinhamento de cada menu de degustação, diz respeito, uma verdadeira “caixinha de surpresas”. Por isso, o melhor é reservar mesa ou lugar ao balcão, de quarta-feira a sábado, entre as 19h30 e as 23h30.
O Guia Boa Cama Boa Mesa 2023, que conta com o apoio do BPI e do Recheio, vai estar disponível nas bancas a partir de sexta-feira, dia 31 de março, por €18,90. Pode adquiri-lo em pré-venda AQUI e aproveitar a campanha de descontos e oferta de portes.
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