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Fogo de Palmela destrói moinhos do projeto Histórias à Mesa: “Estamos de luto”

Fogo de Palmela destrói moinhos do projeto Histórias à Mesa: “Estamos de luto”

Os moinhos onde aconteciam as Histórias à Mesa, em Palmela, com quase 250 anos, arderam por completo. Os ventos fortes que se fizeram sentir impediram os bombeiros de intervir. Responsáveis estão desolados, mas prometem não desistir do sonho

Fogo de Palmela destrói moinhos do projeto Histórias à Mesa: “Estamos de luto”

Dora Troncão

Jornalista

Já esta semana, tinha sido noticiada a destruição completa do Moinho de Vento de Avecasta, edificado em madeira e um dos símbolos do concelho de Ferreira do Zêzere. Ontem, foi o fogo de Palmela que queimou os moinhos do projeto Histórias à Mesa, uma sugestão frequente nos roteiros de verão do Expresso e Boa Cama Boa Mesa e que integrou a coleção de guias Portugal Secreto – Os locais que os turistas (ainda) não conhecem.

Nas redes sociais, os promotores do projeto Histórias à Mesa, Rute e Pedro Lima, deram conta da destruição provocada pelo fogo que deflagrou em Palmela, bem como do estado de espírito perante tão desolador cenário: “Estamos de luto” e “Num instante o sonho arde” foram alguns do desabafos.

“Os dois moinhos arderam. Ficaram completamente destruídos. Um onde tinha as mesas e o outro onde fazia a moagem, os workshops para as crianças, as casas e o patiozinho mais abaixo”, relata Pedro Lima ao Boa Cama Boa Mesa.

Cozinheiro de profissão, Pedro Lima acompanhava os roteiros pelos Moinhos Vivos de Palmela com as Histórias à Mesa, os workhops com o moleiro e as burricadas pela serra com almoços, que integravam o programa de atividades do projeto. “Quando os bombeiros chegaram estava praticamente tudo ardido porque as chamas eram muito altas e se pusessem ali o carro ardia também”, tenta explicar recordando que “apesar de estar tudo limpo, mesmo os bombeiros disseram que o vento não ajudava e que não conseguiam fazer nada”.

Para já Pedro Lima revela que vão “cancelar os programas, devolver o dinheiro de sinalização e ver o que se vai fazer daqui para a frente” e deixa uma mensagem aos governantes: “Como os moinhos são património nacional pode ser que o Estado se lembre”. Até lá, não vai ficar parado e já está a efetuar contactos para “perceber quem quer colaborar connosco, fazer alguns almoços, jantares e tentar angariar algum apoio”.

A situação em Palmela ainda é caótica e segundo Pedro Lima, a família Frescata, proprietária dos moinhos, “tem mais bens que arderam na região e estava atrapalhada a salvar os animais, como os cavalos da Quinta de São Brás, com que faz passeios pela serra, e no Vale dos Barris, dois burros e um pónei”.

Logo que seja possível e tenha luz verde da Proteção Civil e dos proprietários, Pedro Lima quer arregaçar as mangas e dedicar-se à recuperação dos moinhos. “Assim que tiver água e luz, espero começar a fazer o telhado e as portas da casa, mas vou ter de deixar os moinhos para trás. Temos de arranjar alguém que oriente o trabalho porque o moleiro Umberto, com 83 anos, foi para o hospital” com queimaduras provocadas pelo incêndio.

Recorde-se que no guia Portugal Secreto oferecido com o Expresso do passado dia 24 de junho constava a sugestão de um passeio especial pela “icónica serra do Louro com os Moinhos Vivos de Palmela à procura dos pirilampos que durante os dias quentes e mais escuros, mostram a luz especial do ritual de acasalamento”. Pode ainda ler-se: “Almoce num moinho com quase 250 anos. Prove a Perna de porco e o Frango à Padeiro, feitos no forno do moleiro. São as Histórias à Mesa dos Moinhos Vivos, refeições em que se recordam as vidas de outros tempos. Aprenda a fazer pão e as doces Fogaças de Palmela nos workshops. Aventure-se numa burricada e faça a visita guiada ao moinho”.

Sugestões que depois do fogo de Palmela vão ter de esperar…

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