Estas sete cascatas são obrigatórias para se deslumbrar com a natureza
Cascata da Fraga da Pena
Fernando Romão
Entre banhos refrescantes resguardados pela vegetação exuberante, caminhadas ou descidas radicais, mergulhe nestas sete deslumbrantes cascatas, segredos bem guardados pela natureza
Vertiginosas, encontram liberdade caindo intensamente entre rochas. Mais ou menos acessíveis, encontra-se a curta distância ou após uma exigente caminhada. Muitas formam lagoas de águas cristalinas, cenário de sonho para um mergulho. Outras revelam-se em panorâmicas de deslumbramento, com o som da queda de água a marcar o ritmo.
Cascata da Faia da Água Alta
Pedro Rego / Rota da Terra Fria Transmontana
Cascata da Faia da Água Alta Com mais de 40 metros de altura, esta é uma das maiores quedas de água nacionais e um dos locais imperdíveis para quem ama a natureza do Parque Nacional do Douro Internacional. Entre vertiginosas arribas, a água da ribeira de Lamoso, na Bemposta, em Mogadouro, precipita-se com velocidade a caminho da ribeira de Bemposta, afluente do Douro. O espetáculo pode ser apreciado – principalmente no tempo chuvoso –, num percurso pedestre que é uma imersão na natureza agreste. Com início em Bemposta, o trilho da cascata da Faia da Água Alta percorre mais de oito quilómetros de panorâmica intensa e declive acentuado, principalmente na proximidade da cascata. As cores intensas, entre o verde da vegetação, o cinza do granito e o azul da água, compensam. Durante o percurso sinuoso, com início junto à capela de Santo Cristo, há pequenos miradouros naturais que permitem admirar vários ângulos da cascata, e o miradouro da Faia da Água Alta. O caminho prossegue entre a paisagem rural, em direção a Lamoso, atravessando o troço empedrado que servia de ligação às duas aldeias.
Cascata Cai d'Alto
Turismo Porto e Norte
Cascata Cai d’Alto É uma das mais belas mas também inacessíveis. Alimentada pelo rio Poio, a cascata Cai d’Alto, localizada em Cerva, no concelho de Ribeira de Pena, exige uma caminhada de pelo menos seis horas, ida e volta, por caminhos sinuosos. A partir da nascente do rio Poio, a água cai de uma altura de 60 metros até repousar numa tranquila lagoa apta para banhos, não fora a dificuldade de a alcançar. Parte do percurso, marcado pelas pedras, é através do leito do rio e especialmente desaconselhado no inverno, quando o caudal está elevado e o caminho escorregadio. Para os mais aventureiros e experientes, é possível alcançar a cascata e até banhar-se em águas límpidas. Aconselha-se agendar um percurso guiado pela NatourTracks, uma caminhada aquática ou canyoning com a Latitude41. Aventurando-se sozinho, pode avistar as muitas cascatas e lagoas do Poio, ao longe, caminhando pela estrada entre Cabriz e o rio, mas só quem conhece bem consegue chegar mais perto. Um caminho possível é junto à aldeia de Cabriz, vindo de Alvadia, virando à direita antes da ponte. Depois da mini-hídrica, suba, ainda de automóvel, até chegar a um largo ladeado por casas. Estacione e prossiga a pé, descendo a encosta, até ao rio Poio. A partir daqui tem de subir o leito até chegar à cascata…
Cascata da Pena Quebrada Na final da Rota dos Rios e Levadas, que se desenrola entre Arcozelo das Maias e Vila Chã, em Oliveira de Frades, encontra-se a espetacular cascata da Pena Quebrada, queda de água que se destaca das outras existentes ao longo do percurso, por ser a única que tem dois “andares”. A água, que provém da ribeira de Tombos, cai de uma altura de sensivelmente 12 metros e termina numa pequena lagoa, que serve para refrescar nos dias mais quentes, apesar de, nos meses mais secos, o caudal poder tornar-se bastante escasso. A rota em que se inclui a cascata da Pena Quebrada foi criada em 2015 para dar a conhecer a grande beleza natural oferecida ao longo das levadas do rio Gaia e das ribeiras da Lavandeira e Tombos. Esta rota é circular, concebida para ser feita a pé, e tem um nível de dificuldade moderado. Durante cerca de 10 quilómetros, usufrua do silêncio e da frescura conferida pela vegetação envolvente. Durante o percurso cruze-se com outras bonitas quedas de água, como no caso da do Pego e Tombo. No início do percurso destacam-se as quedas de água do Silval.
Cascata da Fraga da Pena
Fernando Romão
Cascata da Fraga da Pena Esta cascata é uma das maiores belezas da Área Protegida da Serra do Açor. Localizada na mata da Margaraça, próxima da aldeia de Pardieiros, no concelho de Arganil, oferece um cenário de grande beleza com a água da Barroca das Degrainhas a despenhar-se ao longo de 20 metros de altura, por entre vegetação e rochas de xisto. Ao longo da sua queda forma duas lagoas, uma primeira de maior dimensão, a segunda menor. Ir a banhos nestas águas cristalinas e de grande pureza é permitido, mas vai precisar de alguma coragem, já que a temperatura da água é extremamente baixa. Para compensar, é bastante acessível, inclusive de automóvel que pode seguir até ao parque de estacionamento, muito próximo do local. Após estacionar, caminhe durante reduzidos 200 metros até encontrar um cenário verdadeiramente idílico, onde a vegetação abundante acompanha o som da água a cair e o chilrear dos pássaros que apreciam a tranquilidade e frescura desta localização. Quem aprecia uma boa caminhada tem à disposição um pequeno trilho pedestre para percorrer, que liga a Fraga da Pena a Pardieiros. Ao longo do trajeto poderá deslumbrar-se com a flora e fauna que a serra e a mata oferecem.
Cascata da Pedra Ferida
Aldeias do Xisto
Cascata da Pedra da Ferida Do alto de um penhasco com 25 metros de altura cai, em cascata, água em abundância. Quando chega ao destino, lá em baixo, forma uma piscina envolta por natureza exuberante. Em plena serra do Espinhal, no concelho de Penela, este pedaço de paraíso no centro do país está localizado a cerca de três quilómetros da aldeia do Espinhal. Até lá chegar terá de percorrer cerca de 300 metros a pé. Apesar da beleza envolvente e da distância curta, o trilho – que apresenta grau de dificuldade moderada –, não está apto a pessoas com dificuldades ou limitações de locomoção, dada a existência de alguns obstáculos. Siga por este caminho, atravessando pontes em madeira, contornando a vegetação frondosa e selvagem e ouvindo o som forte do correr da água da ribeira da Azenha. Para ajudar à caminhada existem troços com fios de aço onde pode apoiar-se e até um pequeno parque de merendas. À chegada refresque-se com um mergulho, deslumbre-se com o espetáculo oferecido pela imponente queda de água, o chilrear dos pássaros, a vegetação envolvente e os pequenos insetos que povoam o local. No caso de não querer descer até à cascata, tem a possibilidade de admirá-la a partir de um miradouro nas proximidades da aldeia de Carvalhal da Serra.
Cascata de Santiago dos Velhos Às portas de Lisboa, a poucos quilómetros e minutos de distância uma da outra, mas separadas administrativamente pelo território de dois concelhos (Loures e Arruda dos Vinhos) existem duas cascatas que convidam a uma caminhada de descoberta. A cascata do Boição ou de Bucelas, perto da vila, é a mais conhecida, mas a cascata de Santiago dos Velhos justifica o passeio até à aldeia que lhe dá nome. Ambas são alimentadas pelas águas da Ribeira do Boição, afluente do rio Trancão que desde a Expo 98 tem sido reabilitado. A partir do centro da Bucelas ou junto à ribeira, que segue paralela à N115, percorra 1,5 quilómetros. Encontra facilmente a cascata do Boição, não tão imponente quanto a de Santiago dos Velhos, mas com uma envolvente natural vistosa. É preferível visitar estas cascatas após uma época de chuvas. Siga o curso da ribeira do Boição para descobrir a exuberante cascata de Santiago dos Velhos. No trajeto saltam à vista os vinhedos de Bucelas. Aceite um banho de história e continue até à Ajuda Grande para conhecer dois fortes, o Grande e o Pequeno, da Senhora da Ajuda, inseridos nas Linhas de Torres, sistema defensivo datado das invasões francesas. Na envolvente, admire as panorâmicas na serra d’Alrota, um pico com 308 metros de altitude.
Pulo do Lobo
DR
Cascata do Pulo do Lobo O Guadiana, rio luso-espanhol, percorre 260 quilómetros em Portugal, passa a vila medieval de Mértola e, já junto a Serpa, tem um ponto de alto fulgor com as cascatas selvagens do Pulo do Lobo, maior queda de água do sul do país, com perto de 20 metros de altura. Ex-líbris do Parque Natural do Vale do Guadiana, lugar de contemplação, nasce de uma formação geomorfológica do rio. A força das águas que se precipitam no pego do Sável, seguem pelo estreito do rio, entre rochas, tão apertadas que “um lobo as transporia com um pulo”, diz o povo. É o habitat das admiráveis cegonha- -preta, águia e bufo reais. Na estrada do Pulo do Lobo, a cinco quilómetros da Amendoeira da Serra, junto à anta das Pias, vire à direita em direção à ruína da casa do moleiro do moinho do Escalda, também conhecido por “Pulo da Zorra”. Encontra a foz das ribeiras Terdes e Cobres. A vegetação adensa-se, as estevas ganham terreno. Detetam-se cágados que se escondem. O caminho é acidentado e exige cuidado, mas tem à espera o “hino da vitória”, o som das arrebatadoras águas das cascatas.
Este texto foi adaptado do Guia da Água 25 Cascatas Imperdíveis, com produção Boa Cama Boa Mesa, oferecido com o Expresso na edição de 6 de maio 2022.