Nick Cave: “Vão à net ver o Mark Lanegan cantar comigo a ‘Weeping Song’. Aquela voz rasga-nos ao meio”

“Estive com o Mark muitas vezes ao longo dos anos – partilhámos algumas aventuras extremamente duvidosas nos anos 90; ele cantou ‘White Light/White Heat’ e ‘Fire and Brimstone’ com o Warren [Ellis] e comigo na banda-sonora de “Lawless”; gravou a minha versão favorita de sempre de uma canção minha, uma estrondosa ‘Brompton Oratory’; acho que fizemos qualquer coisa juntos para o disco do Jeffrey Lee Pierce e também andou em digressão connosco na digressão australiana dos Bad Seeds, em 2013.”

“Vão à net ver o Mark cantar a parte que o Blixa [Bargeld] canta comigo na ‘Weeping Song’, nessa digressão. Sou um frontman que se mexe muito em palco, não consigo evitá-lo. É um gesto nervoso, uma espécie de compensação neurótica de uma voz com a qual nunca me senti muito confortável. Mas vejam o Mark. Vejam como ele entra em palco, como se planta frente ao suporte de microfone, com um dos punhos tatuados a meio do suporte, outro em cima do microfone, imóvel, enorme, masculino. Quando chega a sua vez de cantar, simplesmente abre a boca e solta uns blues, uns blues vividos e merecidos profundamente, e aquela voz rasga-nos ao meio. A sua força em palco põe-nos no nosso lugar. Uma grandeza, Mark, uma grandeza – um verdadeiro cantor, um escritor soberbo e uma alma linda, amada por todos.”

Em 2014, Mark Lanegan deu uma entrevista à BLITZ, na qual dizia sobre Nick Cave: “Não sei onde é que ele vai buscar a energia, mas é um performer incrível e, mais do que isso, um escritor de canções inacreditável – para mim, o maior da nossa geração. É alguém que admiro muito e em cujo trabalho aprecio tudo.”

Aqui está um vídeo da digressão a que Nick Cave se refere: