À porta do Teatro São Luiz, em Lisboa, um vendedor de lenços vermelhos para trazer ao pescoço é o X que marca o tesouro: Tim, 50 anos dedicados à música, dá nesta noite de sexta-feira o primeiro de dois concertos de celebração de meio século de uma arte que é também o seu ofício. É a esta sala do Chiado, uma das mais belas e ornadas da capital, que acorrem famílias e fãs de várias gerações. Alguns parecem não ter tido tempo de ir a casa trocar de roupa (o concerto começa pelas 20h15, pouco depois da hora de saída do trabalho de muitos), outros envergam a t-shirt da banda convidada desta noite: os Xutos & Pontapés, que assomaram em palco na segunda metade do concerto, para delírio da plateia.
“50 anos pode ser algum tempo, mas assim até parece poucochinho”, começa Tim por brincar, recordando o Verão quente de 1975, “em que podíamos inventar o que quiséssemos - e eu inventei ser baixista, mesmo sem instrumento”. Está lançado o mote para uma viagem pelo passado mais remoto, com canções sobre criar uma banda ('A Estrada'), querer ser astronauta ('Voar'), apanhar o barco para a margem sul do Tejo com o companheiro Zé Pedro ('Último Barco') ou o bucolismo da vida campestre ('Cimo do Monte' e ‘Mocho’, na qual convenceu os espectadores a imitarem o piar da ave que lhe faz companhia nas noites alentejanas).
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: LIPereira@blitz.impresa.pt