Na bela sala do Teatro Tivoli, numa noite quente do verão que se despede, a plateia aplaude efusivamente Manel Cruz, que em palco se desdobra em vénias e mãos coladas no peito. “Saio daqui de barriga cheia, de coração cheio”, garante o músico do Porto, que durante quase duas horas teve o público que lotou a sala sempre do seu lado. Sozinho em palco, mas embalado pelo carinho e respeito que emanavam da plateia, viajou com naturalidade por canções do seu repertório a solo, mas também pelas composições que gravou com a ‘chancela’ de Foge Foge Bandido e por várias surpresas & bombons, incluindo alguns temas que nunca lhe ouvíramos.
Na terceira e derradeira despedida de palco, enquanto varria a plateia com olhos agradecidos, pareceu reconhecer e cumprimentar alguém. Exultantes com o gesto, dois jovens fãs saíram da sala prometendo que só descansam quando forem chamados a palco pelo seu herói. O mais novo, Miguel Conde, de apenas 15 anos, prova a sua devoção mostrando-nos a “melhor prenda de sempre” que recebeu do amigo, João Castro, de 18: uns boxers com a cara de Manel Cruz, que ambicionava ver autografados após o espectáculo. Não sabemos se conseguiu, mas o entusiasmo da dupla com o concerto do veterano foi comovente e prova do encanto perene das suas canções: Miguel começou por conhecer Ornatos Violeta por recomendação da mãe, ficou “apaixonado” após o concerto da banda no Meo Kalorama e hoje é apreciador de todas as encarnações de Manel Cruz, “dependendo do momento da vida”.
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