Se, num dado momento, os bailarinos que acompanham magistralmente FKA Twigs em palco parecem uma sombra ou extensão da cantora, bailarina e atriz britânica, no instante seguinte a harmonia corporal desmorona-se e o enxame segue o seu caminho, deixando-a sozinha no centro do teatro de operações. Foi dessa batalha constante que viveu a segunda performance de Twigs em Portugal, primeira em Lisboa, encerrando a segunda noite de Meo Kalorama com chave de platina. Com “Eusexua”, o soberbo álbum que editou este ano, como mote, o espetáculo de uma hora poderia ter sabido a pouco, tendo em conta que era o seu nome que encimava o cartaz, mas cada segundo dessa hora, dividida em três atos, revelou-se uma gigante obra de arte: da marcha desalinhada de ‘Perfect Stranger’ às lágrimas de ‘Cellophane’, Twigs deixou em palco, qual ferida exposta, toda a dimensão emocional de canções que parecem tão humanas como alienígenas e são tão frágeis quanto perigosas.
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