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Eurovisão ameaça multar televisão pública espanhola se voltar a mencionar número de mortos em Gaza na final deste sábado

Yuval Raphael é a artista que representa Israel na final da Eurovisão de 2025.
Yuval Raphael é a artista que representa Israel na final da Eurovisão de 2025.
Getty Images

A Eurovisão advertiu a RTVE da possibilidade de ser multada se, na transmissão da final da Eurovisão, neste sábado, repetir os comentários sobre os mortos resultantes da ofensiva de Israel em Gaza. Comentadores da RTVE lembraram os “mais de 50 mil mortos” palestinianos desde o 7 de Outubro. Este sábado morreram pelo menos mais 58 pessoas

A União Europeia da Radiodifusão (UER), organizadora do Eurofestival da Canção, advertiu a RTVE, empresa de Rádio e Televisão estatal de Espanha, de que poderá ser multada se voltar a tecer comentários sobre os mortos resultantes da invasão de Gaza por Israel durante a transmissão da final da Eurovisão deste sábado.

A informação, adiantada pelo jornal espanhol El País, que teve acesso ao documento enviado pela UER, foi confirmada à agência de notícias Efe pela televisão pública, embora não tenham facultado mais detalhes sobre o conteúdo da missiva, nem a posição que será adotada.

A carta, dirigida à chefe da delegação espanhola, Ana María Bordas, recorda à RTVE que as regras da Eurovisão “proíbem as declarações políticas que podem comprometer a neutralidade do concurso”.

“O número de vítimas não tem lugar num programa de entretenimento apolítico, cujo lema 'Unidos pela música' encarna o nosso compromisso com a unidade”, continua o texto que tem origem na transmissão da segunda semifinal, pela La2 da RTVE, na passada quinta-feira.

No prólogo da atuação da candidata israelita, Yuval Raphael, os comentadores Tony Aguilar e Julia Varela recordaram que a RTVE pediu formalmente à organização do festival para que se abra um debate sobre a continuidade do país no certame, dada a ofensiva israelita na Palestina – tal como foi feito com a Rússia, banida do festival em 2022, na sequência da invasão da Ucrânia.

Além disso, citaram as “mais de 50 mil” mortes de palestinianos – já são mais de 53 mil, segundo o Ministério da Saúde do território, controlado pelo Hamas – que a atual ofensiva causou desde o início, em outubro de 2023, incluindo mais de 15 mil crianças, de acordo com as Nações Unidas.

Por sua vez, este facto, provocou uma queixa formal à UER por parte da emissora pública israelita, KAN, segundo informações publicadas pelo Ynet.

No ano passado, o porta-voz da plataforma de esquerda Somar e ministro espanhol da Cultura, Ernest Urtasun, solicitou a comparência da direção da RTVE no congresso para garantir que não se repetiria a “participação da estação pública de televisão espanhola no branqueamento do genocídio”, em referência às ações de Israel.

A presença de Israel no concurso este ano foi contestada por artistas que já participaram no concurso e pela televisão pública espanhola.

Mais de 70 músicos, entre os quais Salvador Sobral, António Calvário, Fernando Tordo, Lena D'Água e Paulo de Carvalho, apelaram à União Europeia de Radiodifusão (UER) para que excluísse a participação de Israel.

Numa carta aberta, os subscritores justificam o apelo com o facto de considerarem a televisão israelita KAN “cúmplice do genocídio contra os palestinianos em Gaza”.

A carta, publicada conjuntamente pela organização não-governamental Artists For Palestine e pelo movimento Boycott, Divestment, Sanctions (Boicote, Desinvestimento e Sanções, em português, BDS), é assinada por cantores, compositores, músicos, bailarinos e membros de coro de vários países.

A televisão pública espanhola, RTVE, pediu a “abertura de um debate” sobre a participação da KAN no festival da Eurovisão, numa carta dirigida à UER.

O pedido da RTVE surgiu depois de terem sido lançadas petições na Finlândia, no final de março, pedindo à televisão pública finlandesa Yle que pressionasse a UER para excluir Israel da edição de 2025, por causa da guerra em Gaza.

A final deste sábado pode ser acompanhada em Portugal em direto, a partir das 20h, na RTP1, na RTP Internacional e na plataforma RTP Play, num dia em que se lamentam pelo menos mais 58 mortes palestinianas, provocadas por novos ataques de Israel durante a madrugada.

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