Para uma geração que descobriu a música no início dos anos 90, os Doors eram algo que tinha ficado no passado, um resquício de uma década onde a “onda”, como a descreveu Hunter S. Thompson, deixou uma marca e tão depressa quanto veio se sumiu. Este era um novo mundo: um mundo em que Berlim não estava dividida por um muro, em que a perspetiva de um Vietname já não atemorizava os jovens norte-americanos, em que crianças brancas e negras já podiam, regra geral, brincar juntas sem que os adultos depositassem sobre elas olhares de nojo e desprezo. “The Doors”, o filme, acabou por apresentar a banda de Jim Morrison (e a cultura/contracultura dos anos 60) a quem nunca tinha tripado com os teclados de ‘Light My Fire’ ou feito um esgar de horror com o Édipo ressuscitado de ‘The End’. Mas não como objeto histórico; quase como teologia. Não espanta que o título em português do filme de Oliver Stone tenha sido “The Doors – O Mito de Uma Geração”… Estreou-se por cá há 34 anos e tinha Val Kilmer, falecido esta terça-feira, no papel do ‘Rei Lagarto’.
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