Acabamos a gostar do medo, enuncia Adolfo Luxúria Canibal nesse grande tema dos Mão Morta que é ‘Tu Disseste’, de “Primavera de Destroços” (2001). O medo, essa sensação primeva, torna-nos humanos: o arrepio na espinha, os suores frios, são testemunho da nossa consciência. Em “The Human Fear”, o seu sexto álbum de estúdio e o primeiro em sete anos ("Always Ascending", o seu antecessor, saiu em 2018), os Frank Ferdinand filosofam sobre o medo ao mesmo tempo em que fazem aquilo pelo qual se tornaram num caso sério naquela década dos zeros indie: dançar. E não apenas com guitarras, como o demonstra a toada quase french touch de ‘Hooked’, uma das onze canções aqui presentes.
Com álbum novo e dois concertos em Portugal (o primeiro na Aula Magna, em Lisboa, a 14 de fevereiro, e o segundo no festival Vodafone Paredes de Coura, em agosto) como pano de fundo, a BLITZ encontrou os Franz Ferdinand, na figura do vocalista Alex Kapranos e do baixista Bob Hardy, em Londres, num simpático pub com mesas de pedra, para falar sobre este medo - mas não só. Ao longo de uma hora de uma descontraída conversa, com elogios a Portugal pelo meio, abordou-se também o passado de uma banda que - e até parece mentira - já soma mais de duas décadas de existência, as mudanças vividas pelo grupo (com a saída do baterista e guitarrista ritmo originais), o gosto de Kapranos pela gastronomia, o apelo da música pop e, até, um soco bem dado em quem teima em ser um idiota num meio DIY. Sim, é como está aqui escrito.
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