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Há 729 dias que o mais antigo clube de jazz da Europa está fechado: o Hot Clube de Portugal só quer voltar a casa

Há 729 dias que o mais antigo clube de jazz da Europa está fechado: o Hot Clube de Portugal só quer voltar a casa
Facebook HCP/Joaquim Mendes

Há dois anos que o Hot Clube espera pelo início de obras necessárias ao seu realojamento na Praça da Alegria, em Lisboa, onde sempre esteve e da qual saiu em 2023, devido a questões estruturais do edifício que ocupava. O mais antigo clube de jazz da Europa tem-se mantido em atividade, recorrendo a parcerias externas, o que significa um aumento nos custos. Para o seu diretor, Pedro Moreira, “a cidade precisa do Hot Clube e o Hot Clube, neste caso, também precisa da cidade”

Está encerrado há mais de dois anos e a sua reabertura parece não ter data à vista. O Hot Clube, instituição com 77 anos de vida, que o tornam no clube de jazz mais antigo da Europa, ainda não pôde regressar ao nº 48 da Praça da Alegria, em Lisboa, para onde se mudou em 2009, depois de um incêndio ter destruído o edifício original, no nº 39 da mesma Praça.

Na origem deste encerramento está uma imposição da Câmara Municipal de Lisboa, em 2023, devido a “questões estruturais do edifício”, conforme explicou à altura o Hot Clube através de um comunicado. “Foi uma época de muitas chuvas e a diretora da altura, Inês Homem Cunha, achou por bem pedir uma avaliação da estrutura, por descargo de consciência”, explicou ao Expresso o pianista Mário Laginha, um dos últimos músicos a pisar o palco do Hot Clube. “Disseram que tínhamos de sair, porque o edifício estava em risco”. A Câmara comprometeu-se a fazer as obras necessárias, mas estas ainda não arrancaram sequer; segundo Pedro Moreira, atual diretor do Hot Clube, estes são processos “extremamente longos e extremamente demorados”.

Desde então que o Hot Clube tem funcionado fora do seu espaço, organizando várias atividades em parceria com outras instituições e apostando em produções exteriores – algo que, dada a intensidade das suas atividades, resulta num aumento dos encargos, revelou Pedro Moreira ao Expresso. “Este período tem sido fruto de alguma negociação com a Câmara. Numa fase inicial, pôs-se a questão de tentarmos decidir o que se fazia em relação às instalações, nomeadamente a viabilidade ou não de umas instalações provisórias. Rapidamente se percebeu que não era viável, por muitas razões”. Optou-se, por isso, por manter o espaço, “que era o que fazia sentido”.

A Câmara Municipal de Lisboa aprovou, em fevereiro de 2024 e por unanimidade, a “constituição de um direito de superfície a favor do Hot Clube”, por um período de 50 anos. A escritura desse contrato de cedência realizou-se meses depois, conta Pedro Moreira. Apesar de a direção do Hot Clube se manter em contato regular com a Câmara Municipal, não existe uma reunião formal desde o primeiro trimestre do ano passado. “A cedência dos direitos de superfície foi um aspeto positivo; o menos positivo é que estes processos são extremamente longos e extremamente demorados”, salienta.

“Estamos à espera de uma decisão final em relação ao apoio que a Câmara poderá vir a dar ao Hot Clube, para a realização das obras. O proprietário do edifício é a Câmara; o Hot Clube já lá estava há muitos anos, é uma estrutura que não é financiada em termos públicos, de apoios sustentados. A resposta a esse apoio é que ainda não nos chegou, e é essa a razão do atraso”. Pelo meio, foi o próprio Hot Clube quem assumiu a iniciativa, e os custos, na ordem de “algumas dezenas de milhares de euros”, de “fazer t o levantamento do edifício, um estudo prévio e um projeto de execução com um projeto de engenharia e arquitetura”. “Essa parte já está feita, inclusive porque era necessária para fazer o pedido”, acrescenta Pedro Moreira.

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