Será que um homem de 50 anos pode usar um boné virado ao contrário sem parecer patético? Pode, se esse homem se chamar Eddie Vedder. Com uma voz de rasgo eternamente jovem, o músico norte-americano embeveceu, ao longo das duas horas do concerto dos seus Pearl Jam neste último dia de NOS Alive, as 55 mil almas que se juntaram para o escutar a cantar os clássicos mais desejados de uma discografia com mais de 30 anos, as canções fortes do novíssimo álbum, “Dark Matter”, e ainda uma surpresa e meia no encore. Uma dessas 55 mil almas, tal como a BLITZ noticiou, era o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que, como a multidão que o rodeou, não terá resistido a entoar o hino maior do festival: ‘Alive’, cantada a plenos pulmões no encore, ecoou pela quarta vez no Passeio Marítimo de Algés. Foi assim em 2007, em 2010, em 2018, não poderia deixar de ser em 2024.
O arranque forte com ‘Daughter’, uma das canções que há mais tempo vive no imaginário coletivo do séquito de seguidores da banda norte-americana, rapidamente provou que não vinham para brincar. Mais cabelo branco menos cabelo branco, mais ruga menos ruga, Vedder, Mike McCready, Stone Gossard, Jeff Ament e Matt Cameron, mostraram que o corpo pode envelhecer, mas o espírito continua a cheirar a uma adolescência bem vivida: ‘React, Respond’, segunda canção de “Dark Matter” e a terceira a ecoar em Algés esta noite, parece nascida da angústia numa qualquer garagem de subúrbio.
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