A morte de Fausto Bordalo Dias “deixa-nos muito mais pobres”, assevera Teresa Salgueiro. “É um dia triste. Partiu um dos nossos melhores”.
“A obra que nos deixa é imensa e única”, afirma a antiga voz dos Madredeus à BLITZ. A morte, ocorrida esta segunda-feira, por doença prolongada, gera “um grande impacto”, mas a obra de Fausto é, “também ela, de grande impacto”.
“Espero que a música seja cada vez mais reconhecida, reeditada, porque é de facto uma obra singular, de uma grande profundidade, de alguém que era de facto um sábio, um génio da música”, diz. “Era alguém que tinha um amor profundo a Portugal e à sua história, e com um espírito sempre crítico, um livre pensador. Alguém de uma inspiração extraordinária. Escrevia maravilhosamente, tanto a música como as palavras".
“Por Este Rio Acima” é o álbum de Fausto que, para Teresa Salgueiro como para tantos outros, mais fica perto do coração. “[A obra de Fausto] sempre me levou bem longe. Tive a alegria de cantar várias canções dele. A ‘Por Este Rio Acima’ é a que canto dele há mais tempo, e a que ouvia na minha adolescência”. “É preciso conhecer profundamente a sua obra, toda ela de uma profundidade e de uma riqueza extraordinárias. É um cantor, e um compositor e letrista, muito singular", acrescenta.
Teresa Salgueiro não chegou a conviver pessoalmente com Fausto, mas não esconde a sua “maior admiração” por este. ”A única vez que me cruzei no mesmo palco que ele foi há muitos anos, na Ilha Graciosa. Os Madredeus fizeram a primeira parte do seu espetáculo", lembra a artista, que também assistiu ao concerto “Três Cantos”, no Campo Pequeno, em 2009. Um ano antes, havia-lhe ligado a pedir autorização para lançar a sua versão de ‘Por Este Rio Acima’, com o Lusitânia Ensemble. “Perguntei-lhe se havia partitura, e a resposta foi engraçada: ‘está em mim’”, recorda.
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