O céu não enganava ninguém: assim que Milhanas entrou em cena para inaugurar o maior palco do Primavera Sound Porto neste segundo dia do festival, as nuvens negras acumularam-se, o vento cresceu em intensidade e o calor abafado que se fazia sentir minutos antes começou a dissipar. Antes do primeiro relâmpago e de um sonoríssimo trovão, contudo, uma das vozes mais valiosas da “nova” música portuguesa atirou-se, cheia de garra, às canções que tem dentro: as que já conhecemos, as que está ansiosa por deitar cá para fora e as que são de outros, mas que facilmente molda à sua imagem. Foi, aliás, com duas dessas últimas que abriu a atuação: ‘Na Ponta do Cabo’ e ‘A Guerra é a Guerra’, de Fausto Bordalo Dias, músico que carrega como maior influência musical, até porque o seu progenitor tocava com ele, traz consigo uma veia intervencionista que encontra reflexo numa indumentária pacificamente branca. “Não é boa noite, mas é boa tarde. Sou a Milhanas e não acredito que estou a cantar no palco onde vai tocar a Lana Del Rey. É um prazer estar aqui, espero que gostem”.
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