A RTP pediu esclarecimentos à União Europeia de Radiodifusão (UER) pelo facto de o vídeo da performance de Iolanda, na final do Festival da Eurovisão, não ter sido publicado no website oficial do concurso.
Após a atuação, a UER optou por publicar a performance de Iolanda na primeira semifinal. A artista, recorde-se, surgiu em palco com as unhas pintadas com o padrão típico de um keffiyah, um lenço tradicional palestiniano, em protesto contra a guerra em Gaza. No final da atuação, gritou “a paz prevalecerá”.
O presidente do Conselho de Administração da RTP, Nicolau Santos, salientou no entanto que “não temos evidência de que o atraso na entrada do vídeo tenha tido a ver com qualquer motivo relativamente à forma como a Iolanda se apresentou em palco”.
“Efetivamente ela tinha motivos nas unhas que apontavam para um apoio à Palestina, e mesmo a pintura dos olhos eventualmente poderia indicar isso, mas não temos evidência que isso possa ter levado ao atraso do vídeo”, acrescentou.
Segundo Nicolau Santos, a estação pública portuguesa “reagiu de imediato quando viu que o vídeo não tinha entrado como os dos outros estavam a entrar, imediatamente após o fim da atuação, e a indicação que foi dada através de uma troca de e-mails é que havia um problema técnico”.
“É nessa troca de e-mails que a pessoa que está a responder à nossa delegação disse ‘mas a vossa concorrente tem motivos pró-Palestina pintados nas unhas’. Houve da nossa parte a pergunta ‘o que é que isso tem a ver?’ O que aconteceu é que imediatamente a seguir o vídeo entrou”, disse, em entrevista à RTP 3.
“Foi algo que se passou em meia hora. Nós agora estamos à espera de saber, a nossa delegação continua em contacto com as pessoas da Eurovisão. Estamos à espera de saber as explicações mais cabais”.
Nicolau Santos abordou ainda as alegadas intimidações, a outros concorrentes, por parte da comitiva israelita. “Este festival merece uma reflexão pela forma como decorreu e pelos vários factos que ocorreram", afirmou. Para esta terça-feira está agendada uma reunião “para analisar, com as pessoas que estiveram em Malmö, os factos que achamos que devem ser corrigidos e debatidos a nível da Eurovisão, precisamente para evitar que eles se voltem a repetir”.
O número de votos obtidos por Israel através do televoto também merece, para Nicolau Santos, alguma atenção: “Quero lembrar que Portugal, na votação do júri, esteve sempre entre o quarto e o sétimo lugar, e depois quando chegámos à votação do público, inopinadamente Israel, que estava nos últimos lugares, na segunda metade da tabela, passou para primeiro lugar, com uma votação verdadeiramente extraordinária”, frisou.
“Para um evento que não se quer político, é óbvio que temos de refletir sobre esta votação, que foi uma votação política de pessoas que apoiam Israel e que levaram Israel para este nível de classificação, relegando Portugal para décimo lugar”.
A edição deste ano do Festival da Eurovisão, ganha pela Suíça, esteve envolta em forte polémica devido à presença de Israel no concurso. A entrada da Arena de Malmö foi, no sábado em que se realizou a final, palco para um protesto que juntou milhares de pessoas pró-Palestina.
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