Em 1991, ano em que - como o grunge - o shoegaze passou a fazer parte do léxico de quem gostava de música, o género não era assim tão bem visto. Aliás, o próprio termo é / era pejorativo, descrevendo a forma como os artistas nele encaixotados se apresentavam em palco: mirando as próprias sapatilhas, que inevitavelmente eram forçadas a uma dança estranha em cima dos pedais de efeitos. Chamavam-lhe a cena que se celebrava a si mesma: demasiado introspetiva para os padrões pop usuais, demasiado fixada na sua ideia para acolher o respeito de quem estava do lado de fora.
Até que se passaram 30 anos e os adolescentes (e são sempre os adolescentes que ditam as tendências) redescobriram o shoegaze, mitificaram-no, fizeram dele a banda-sonora dos seus problemas contemporâneos. Em entrevista ao “NME”, os Slowdive, que em agosto regressam a Portugal para uma atuação no festival de Paredes de Coura, afirmaram ser “de loucos” que o seu novo público, pós-reunião, “seja tão jovem”. Muito se tem escrito sobre a popularidade do género no TikTok, onde artistas novos tem obtido o reconhecimento que desejam e pérolas esquecidas, como os Duster, encontarram novos públicos. À “Stereogum”, o Spotify revelou que a percentagem de streams de canções do género aumentou 50% entre 2022 e 2023. Caso para parafrasear os Mogwai: shoegaze will never die but you will. Eis 12 temas da velha guarda para aquecer corações com reverb.
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