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Digressão de Taylor Swift obriga líder de Singapura a justificar acordo durante cimeira asiática

Taylor Swift
Taylor Swift
Getty Images

Um acordo exclusivo entre a estrela pop norte-americana e o governo de Singapura causou alvoroço numa cimeira em Melbourne. O primeiro-ministro de Singapura foi questionado sobre o uso de fundos públicos para a contratação de Taylor Swift e confirmou que foram dados “certos incentivos” à artista

Digressão de Taylor Swift obriga líder de Singapura a justificar acordo durante cimeira asiática

Hélio Carvalho

Jornalista

Todos os dias se questionam os limites da omnipresença de Taylor Swift e todos os dias é-nos lembrado que parece não haver sítio nem evento no globo onde o seu nome não chegue. O mais recente caso teve como pano de fundo a cimeira da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), na qual o primeiro-ministro de Singapura se viu forçado a defender o acordo exclusivo com a cantora norte-americana para que esta atuasse apenas no país na sua passagem pela região.

Na cimeira em Melbourne, na Austrália, Lee Hsien Loong foi questionado sobre as críticas por causa da utilização de fundos públicos para a contratação exclusiva da estrela pop norte-americana. Segundo a Associated Press, Lee respondeu que foram usados “certos incentivos” para garantir a presença de Taylor Swift na ilha, no âmbito da sua gigante ‘Eras Tour’ que está a gerar milhões por todo mundo, e defendeu que a aposta do governo “acabou por se revelar um negócio muito lucrativo”, sem revelar o valor final.

A verdade é que, numa cimeira cujas atenções estariam focadas nas tensões no Mar do Sul da China e na crise humanitária em Myanmar, o líder singapurense acabou também a desvalorizar a existência de tensões diplomáticas pelo facto de a cantora não poder levar a sua lucrativa digressão a outros países. “Não vejo como possa ser visto como hostil”, reiterou.

Lee Hsien Loong esclareceu ainda que o acordo foi pago através de um fundo, criado para reconstruir a indústria turística de Singapura e a reparar o rombo causado pela pandemia de covid-19 no pequeníssimo território. E, acrescentou o primeiro-ministro, se Singapura não aproveitasse a febre ‘swiftie’, outros fariam o mesmo.

A ‘denúncia’ de um acordo exclusivo entre os responsáveis pela digressão da cantora e o governo de Singapura partiu do primeiro-ministro da Tailândia, que em fevereiro explicou que o negócio ia dos dois milhões aos três milhões de dólares, pagos com subsídios estatais. “O governo de Singapura é astuto”, comentou na altura Srettha Thavisin.

Taylor Swift tem seis concertos marcados em Singapura, entre os dias 2 e 9 de março. Em 2023, o anúncio da sua digressão pelo continente asiático deixou de parte todo o sudeste da região, exceto Singapura, o que não terá agradado a várias autoridades locais, que esperavam pelo impulso no turismo que os concertos da cantora trzem. É que, em 2023, a ‘Eras Tour’ tornou-se na maior digressão musical da história, ultrapassando os mil milhões de dólares em receitas, e a adaptação dos concertos para o cinema gerou, por consequência, o filme-concerto mais bem sucedido até agora.

À margem da cimeira da ASEAN, o secretário-geral do primeiro ministro tailandês, Prommin Lertsuridej, pareceu admitir a ‘derrota’ na corrida aos bilhetes.

“Aprendemos uns com os outros”, disse na segunda-feira o governante, citado pela Associated Press, considerando que Singapura teve uma “boa ideia de negócios”.

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