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“Somos novos, zangados, um bocado estúpidos e fazemos muito barulho”: os Nirvana em entrevista à BLITZ na estreia em Portugal, há 30 anos

Nirvana
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A 6 de fevereiro de 1994 os Nirvana apresentavam-se pela primeira e única vez em Portugal, no Pavilhão Dramático de Cascais. Poucos dias antes, o semanário BLITZ publicava uma longa entrevista com Dave Grohl, que agora republicamos. Modesto, simpático e paciente, o baterista falava sobre as influências, as crises, as vontades e os segredos de uma banda que – sabemo-lo hoje – estava prestes a acabar. “Vai ser o melhor concerto das nossas vidas”, prometia

António Pires e Gabriela Carrilho

“Dos Nirvana já muito se falou neste jornal. Da história, dos discos, do movimento que despoletaram – o grunge –, de quase tudo o que acontece regularmente à banda de Kurt Cobain, Dave Grohl e Krist Novoselic. Faltava a entrevista. Faltava, mas já não falta”: assim começava o artigo que fazia capa da edição de 1 de fevereiro de 1994 do então jornal BLITZ. O mote era, claro, a estreia da banda em Portugal, que ocorreria cinco dias depois, a 6 de fevereiro. O BLITZ publicava uma entrevista exclusiva com Dave Grohl, baterista dos Nirvana, que diretamente de Seattle contou “tudo e mais alguma coisa sobre o surgimento do fenómeno Nirvana, as relações da banda com as editoras e a indústria musical em geral, as influências, as crises, as vontades, os segredos”. Modesto, simpático, paciente, Dave prometia um bom concerto dos Nirvana para o domingo seguinte. (Re)leia aqui:

A última edição da revista britânica “Vox” falava de 22 novos grupos americanos e caracterizava-os em quatro itens. Um desses itens era ‘Nirvana Connection’. Vocês assumem esse papel de cabeça da nova música americana?
Oh! God. Não sei. E difícil, para mim, pensar em coisas como essa. Há um milhão de bandas no mundo, umas realmente boas, outras más, mas de tantos estilos musicais diferentes, que é difícil pensarmos em nós como algo de especial. Lançámos um disco que vendeu muito e as pessoas consideram-nos algo de especial, mas é difícil eu pensar o mesmo. Nós não somos os líderes de nenhum movimento musical. Somos apenas um grupo que faz música excitante. Repara que há muitos anos que o espírito do punk está vivo na América e há muitas bandas que só agora estão a ser reconhecidas, devido ao sucesso comercial da música alternativa. É injusto. Há bandas como os Meat Puppets ou os Buzzcocks, que são bandas fabulosas que andam nisto há mais de 15 anos, e que só agora estão a ser reconhecidas, porque a indústria musical está a pensar fazer dinheiro com eles e com outras bandas underground e alternativas. Quer dizer, não acho que sejamos líderes do que quer que seja...

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