Nascido em 1991 em São Paulo, Tim Bernardes é um filho do “Brasil, internet, mundo”, como enuncia numa das prodigiosas canções com que vem enchendo salas e conquistado corações deste lado do Atlântico, desde a saudosa estreia na acolhedora ZDB, há seis anos. No papel, o impacto da sua presença é difícil de explicar a um leigo: altíssimo e vagamente desengonçado, entra no palco do Coliseu dos Recreios, sala que já o recebera (e encantara) em 2022, de terno marrom e um pequeno arsenal de guitarras, acústicas e elétricas. Ao seu lado, um piano negro aguarda que sobre as suas teclas se derrame a magia de canções que habitam no limbo entre razão e sentimento. Conhecedor e afetuoso, o público sabe ao que vem e, para início de conversa, começa por aplaudir longamente este filho de músico (o pai, Maurício Pereira, é veterano estimado do indie local), apaixonado pela música brasileira dos anos 60 e 70, que cita abundantemente - através de palavras elogiosas e da música que cria -, sem porém soar derivativo. Dono de um universo próprio e de um estilo autoral, Tim Bernardes é um gigante nos ombros das lendas da MPB - e, como esta série de concertos em Portugal vem ajudar a provar, já é, também, um pouco nosso.
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