Eurovisão: nórdicos querem Israel fora do festival

Cresce o número de iniciativas que pedem um boicote da Eurovisão a Israel, na sequência da guerra em Gaza
Vários artistas finlandeses e islandeses juntaram as suas vozes às de ativistas noruegueses, que exigem um boicote do Festival da Eurovisão a Israel.
A União Europeia de Radiodifusão (UER), recorde-se, tem recebido inúmeras críticas desde dezembro, altura em que aprovaram a participação de Israel no evento que este ano se realiza em Malmö, na Suécia, de 7 a 11 de maio. Para a UER, a Eurovisão é uma competição “apolítica”, que junta “radiodifusores, e não governos”. “Há 50 anos que a televisão pública israelita participa no concurso”, acrescenta.
Uma nova petição juntou, agora, mais de 1400 artistas finlandeses e islandeses, que se insurgem contra a presença de Israel na Eurovisão. Recentemente, o governo da África do Sul moveu uma ação contra Israel no Tribunal Internacional de Justiça, em Haia, acusando aquele país de crimes de guerra e de estar a cometer um genocídio contra o povo palestiniano.
“Não vai de encontro aos nossos valores dar a um país que comete crimes de guerra, e que continua a ocupar militarmente [a Faixa de Gaza], um palco onde possa lavar a sua imagem em nome da música”, pode ler-se na petição, citada pela “Euronews”. Entre os artistas que já a assinaram está Axel Ehnström, que representou a Finlândia na Eurovisão em 2011.
Para estes artistas, se a UER não impedir a participação de Israel, deverá ser a Yle, a televisão pública finlandesa, a boicotar o evento. Muitos dos que assinaram a petição criticam o que consideram ser “dois pesos e duas medidas” por parte da Yle, que foi das primeiras a exigir um boicote à Rússia, em 2022, na sequência da invasão à Ucrânia.
Um grupo de ativistas pró-palestinianos noruegueses juntou-se, no passado fim de semana, à porta da sede da NRK, a televisão pública daquele país, exigindo uma ação do governo e da própria estação contra a participação de Israel na Eurovisão. Por seu turno, a NRK afirmou que essa é uma tarefa “impossível”.
A Associação Islandesa de Compositores e Liricistas, por seu turno, informou a RUV, televisão pública daquele país, que os seus membros não iriam tomar parte no Söngvakeppnin, concurso anual local de onde sai o representante da Islândia no Festival da Eurovisão. Esta associação deu também como exemplo o boicote à Rússia.
Em resposta a estas exigências, o embaixador de Israel na Suécia, Ziv Kulman, anunciou que o seu país foi, “no passado dia 7 de outubro, brutalmente atacado por uma organização terrorista perversa, que clama abertamente pela aniquilação” de Israel. “Promover um boicote a Israel é apoiar as ações do Hamas, é dar um prémio ao terrorismo e é incompatível com os valores da UER e da própria competição”, acrescentou.
Israel, que à semelhança de todos os países mencionados ainda não escolheu o seu representante para a edição deste ano da Eurovisão, participa no concurso desde 1973. O país venceu o evento por quatro ocasiões, a última das quais em 2018, quando a Eurovisão se realizou em Lisboa.
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