Blitz

“Não pensávamos naquilo como grunge. Isso foi marketing”: a cena de Seattle recordada pelo guitarrista dos Soundgarden

Os Soundgarden em 1989
Os Soundgarden em 1989
Getty Images

Kim Thayil, guitarrista dos Soundgarden, recordou os primeiros momentos da cena de Seattle dos anos 80 e 90. “As pessoas mantinham-se fiéis à ética punk e Seattle fazia as coisas de forma diferente. Sabíamos isso”: mas a invenção grunge foi uma jogada de marketing, acredita

Kim Thayil, guitarrista dos Soundgarden, esteve à conversa com o também guitarrista e YouTuber Pete Thorn, lembrando os primeiros tempos da chamada “cena de Seattle” - que viria a popularizar-se como grunge.

O músico lembrou que o termo começou a ser disseminado após o lançamento da compilação “Deep Six”, em 1986, que contava com a presença de artistas como os Melvins, Green River, Skin Yard, Malfunkshun, The U-Men e os próprios Soundgarden.

“Tínhamos a noção de que havia uma identidade estilística particular a sair de Seattle. E havia várias bandas do movimento punk underground a recorrer a compassos mais lentos, em vez dos do punk hardcore”, explicou.

“Quando os Soundgarden começaram, tocávamos rápido, a um compasso standard, ou a compassos de cinco tempos ou de sete tempos. Nem sequer percebíamos que estávamos a fazê-lo, tentávamos tocar rápido mas de forma a acomodar as linhas vocais”.

“O Chris [Cornell]”, continuou, “não estava tão apto a gritar ou a berrar atrás da bateria, num compasso complexo. O nosso interesse, nas coisas que compúnhamos, na forma como tocávamos, fugiu um bocado ao hardcore”.

Tudo somado, as bandas de Seattle não detetavam nada de semelhante no resto do país como a música que faziam - mas grunge não era uma palavra que utilizassem. “As pessoas mantinham-se fiéis à ética punk e Seattle fazia as coisas de forma diferente. Sabíamos isso. Mas não pensávamos naquilo como grunge - isso foi uma jogada de marketing”, rematou.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: blitz@impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate