
Na reta final de 2023, recordamos os melhores álbuns nacionais do ano para a equipa da BLITZ. Em primeiro lugar está “Portuguesa”, no qual Carminho se concentra na “prática” da linguagem do fado
Na reta final de 2023, recordamos os melhores álbuns nacionais do ano para a equipa da BLITZ. Em primeiro lugar está “Portuguesa”, no qual Carminho se concentra na “prática” da linguagem do fado
Jornalista
Quem é que eu seria se não fosse fadista? Esse questionamento não me traz sentimentos estranhos, porque não consigo imaginar.” É desta forma, perentória, que Carminho descreve a sua relação “embrionária” com o fado: “Eu já ouvia a minha mãe cantar na barriga dela.” Talvez por isso, talvez porque sempre o sentiu como seu lugar de pertença, mesmo quando, na adolescência, os amigos não só não partilhavam a sua paixão como assumiam sem pruridos não gostar dele, a fadista tenha chegado a “Portuguesa”, o seu sexto álbum, com vontade de apurar a prática de um género musical que garante não querer alterar: “Não tenho a pretensão de mudar o fado.” Isso não significa, contudo, que não tenha em si uma grande vontade de ajudar a reinventá-lo “por dentro”, tal como tinha assumido ao Expresso quando a visitámos em estúdio, em março do ano passado, para acompanhar as sessões de gravação do novo álbum.
“O Camané tem uma frase maravilhosa: ‘A tradição constrói-se.’ É muito inspirador”, refere, no decorrer de uma conversa na qual faz, também, as devidas vénias a precursores como Alfredo Marceneiro ou a “mentora” Beatriz da Conceição. “A tradição tem as suas práticas, mas isso não quer dizer que seja intocável ou que esteja cristalizada num tempo e que tu simplesmente vás lá beber e voltes. Eu acredito que o fado continua a dar-me respostas, a estimular-me e a mandar-me para a frente, por isso é que me mantenho nele. É uma fonte inesgotável. Independentemente de eu gostar de cantar tanta coisa, de fazer colaborações e ligações com outras músicas.”
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: MRVieira@blitz.impresa.pt