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Shane MacGowan por MEC no Expresso, em 1986: “O mundo dos Pogues pertence aos poetas-guerreiros, operários-cantores, rameiras e marinheiros”

Os Pogues em 1986, na fotografia usada na capa do EP "Poguetry in Motion"
Os Pogues em 1986, na fotografia usada na capa do EP "Poguetry in Motion"

Em 1986, Miguel Esteves Cardoso elogiava nas páginas do “Expresso” uma banda, os Pogues, e um compositor, vocalista e poeta, Shane MacGowan. As suas palavras, por cá pioneiras, ganham contundência no momento em que o mundo se despede do bardo irlandês, falecido no final de novembro aos 65 anos. Republicamos o texto em que MEC diz tudo: “O que a música dos Pogues tem de impressionante não se chama tanto música, como verdade. Ela é áspera e migrante, é alcoolizada e romântica”

Miguel Esteves Cardoso

The Pogues: o mundo, a música a magia. O que a música dos Pogues tem de impressionante não se chama tanto música, como verdade. Ela é áspera e migrante, é alcoolizada e romântica. Provavelmente é antiga. E é outra coisa também: forte, difícil e irlandesa. Os puristas denunciam-na. Os popistas não a compreendem. Os rockistas não a conhecem. É uma música que incomoda muita gente. Sobretudo a boa gente. É natural que assim seja. E é verdade.

Se tentássemos definir esta música, se fôssemos tão crassos, falaríamos numa caótica zona franca onde coabitam estranhos fantasmas em perplexa disparidade. Imagine-se o que se toca neste bazar. Tom Waits e Ewan McColl, o folclore irlandês e o country americano, o ‘jig’ de Conemara e o ‘square dance' de Tennessee, canções de guerra australianas, canções de amor londrinas. A desordem é completa. A ordem é arbitrária. A música é bastarda, mesclada, corrupta e maravilhosa.

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