Ao cabo de mais de 20 anos com a pele de Legendary Tigerman vestida, Paulo Furtado quis baralhar as cartas e voltar a ir a jogo. “Zeitgeist”, o álbum lançado no passado mês de setembro, é fruto desse desejo de mudança e de uma temporada em Paris, que nos habituámos a apelidar de Cidade Luz, mas na qual o português quis ir beber às sombras. A vida nas zonas menos glamourosas da metrópole, as manifestações tensas e a ideia, explorada no tema ‘Losers’, de que - como diriam os Xutos - esta vida é mesmo sempre a perder inspiraram-no a escrever canções que quis tornar, também, mais eletrónicas. Começando os esboços pelos sintetizadores modulares, e não pela guitarra elétrica, Legendary Tigerman encontrou nos Suicide (de quem gravou uma versão de ‘Ghost Rider’) e nos Nine Inch Nails os padroeiros deste “Zeitgeist”, e em palco procura, agora, uma direção a condizer. Contudo, e a avaliar pelo concerto desta noite, os novos planos não comprometem uma identidade há muito cimentada. O que é ótimo sinal.
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