Se perguntarmos a protagonistas da música popular britânica na viragem dos anos 70 para os anos 80 qual foi o dia que mudou as suas vidas muitos dirão: 5 de julho de 1972. De Peter Murphy (Bauhaus) a Boy George (Culture Club), de Siouxsie Sioux (Siouxsie & The Banshees) a Ian McCulloch (Echo & The Bunnymen), de Marc Almond (Soft Cell) a Gary Kemp (guitarrista dos Spandau Ballet), de Nick Rhodes (teclista dos Duran Duran) a Robert Smith e Lol Tolhurst (respetivamente o vocalista e o baterista dos The Cure), todos lembram a visão inesperada, intrigante e contagiante que lhes entrou em casa pela televisão, revelando, nessa emissão do “Top of The Pops” (na BBC) um músico que, apesar de ter então já dez anos de vida profissional, era um quase desconhecido que só tinha no bolso um single de sucesso conquistado, em 1969, ao som de ‘Space Oddity’. Ele mesmo mostrava-se então como uma bizarria vinda do espaço… Cantava sobre um homem vindo das estrelas, um “Starman” que nos queria conhecer e sabia que ia impressionar… Parecia, no fundo, que estava falar sobre o que, naquele momento, se via e ouvia no ecrã. Magro, pálido, de fato justo com padrões em dourado, azul e vermelho, botas, de cabelo laranja e espetado no ar, sugerindo, desafiante, uma aparência andrógina, Ziggy Stardust habitava o corpo de David Bowie.
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