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Halsey em família no Primavera Sound Porto: um concerto recheado de sucessos com direito a pedido de desculpa

Halsey no Primavera Sound Porto
Halsey no Primavera Sound Porto
Hugo Lima

A estreia de Halsey em Portugal rendeu ao Primavera Sound Porto um concerto feliz. Em pouco mais de uma hora, a artista norte-americana cantou os seus maiores sucessos e as canções do álbum produzido por Trent Reznor, provando que não é uma estrela pop fácil de decifrar

Quem achou que a norte-americana Halsey estava um tanto ou quanto deslocada no cartaz deste último dia de Primavera Sound Porto poderá ter ficado surpreendido com uma atuação vibrante. Sendo uma daquelas artistas que nunca se comprometeu demasiado com o estatuto de estrela pop, navegando a seu bel-prazer entre as eletrónicas, o hip-hop e um piscar de olho à country, e atirando-se, há dois anos, a um álbum (“If I Can’t Have Love, I Want Power”) produzido por Trent Reznor e Atticus Ross, dos Nine Inch Nails, soube trazer tudo isso ao palco principal do festival portuense, acompanhada por admiradores fiéis nas filas da frente e observada atentamente por aqueles que se tinham deslocado ao Parque da Cidade para ver os Blur.

A noção de que poderia não ter à frente o público mais recetivo às suas canções, levou Halsey a assumir, perto do final da atuação, que assim que terminasse iria “a correr assistir aos New Order”. “Estou super entusiasmada. Vi o concerto inteiro dos Blur em Barcelona e eles são uns deuses”, acrescentou ainda a artista, “é uma loucura poder estar num festival e atuar com artistas que são meus heróis absolutos. Parece que festival fez o cartaz a pensar em mim”.

Mostrando logo no início que não é a estrela pop mais óbvia, deu início à atuação com uma intensa ‘Nightmare’, adornada com jatos de labaredas e acompanhada por um coro ruidoso. Sem muito tempo a perder, foi entrecruzando êxitos como ‘Castle’, ‘You Should Be Sad’ ou ‘Eastside’, colaboração de 2018 com Benny Blanco e Khalid, com alguns dos momentos mais fortes do álbum mais recente: da tensão de ‘Easier Than Lying’ ao encerramento com ‘I Am Not a Woman, I’m a God’. Pelo meio, manteve a plateia atenta com uma versão roqueira de ‘Closer’, multiplatinada colaboração com a dupla eletrónica Chainsmokers, o hino ‘Bad at Love’ (que explica ter sido escrita sobre a sua bissexualidade) e uma intensa ‘Experiment on Me’, gravada para a banda sonora do filme “Birds of Prey (e a Fantabulástica Emancipação de uma Harley Quinn)”.

Sempre bastante comunicativa, Halsey pediu desculpa por ter demorado tanto tempo a estrear-se ao vivo em Portugal, revelou que a mãe e o irmão mais novo vieram com ela para Portugal (“Como me estou a sair?”, perguntou, olhando para o local onde os familiares estariam a assistir) e provocou o público quando achou que não estava a reagir como queria: “Vão deixar que em Espanha tenham feito um trabalho melhor?”. A proximidade com o público atingiu o pico durante ‘Without Me’, o seu maior sucesso em nome próprio, que a levou a descer ao fosso e empoleirar-se nas grades para incentivar a multidão a acompanhá-la. “Tenho o melhor trabalho do mundo. Nunca me canso disto”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: MRVieira@blitz.impresa.pt

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