Já não há grandes dúvidas acerca da grande protagonista deste Primavera Sound Porto de 2023: a chuva continua a fazer-se sentir e com estrondo. Já o concerto dos norte-americanos Japanese Breakfast, liderados por uma comunicativa Michelle Zauner, provou que não há intempérie que demova o público que acorreu a este segundo dia do festival do Parque da Cidade. Ouvimos provavelmente algumas das maiores ovações da história da edição deste ano entre as canções de “Jubilee”, o mais recente álbum do coletivo baseado em Filadélfia, e um ou outro tema recuperado ao passado mais distante.
Abrindo com a sumptuosidade de ‘Paprika’, durante a qual Zauner se divertiu a castigar um gongo colocado bem no centro do palco, o concerto foi-se equilibrando entre ocasionais solos de saxofone e sintetizadores sensíveis, com a voz frágil – por vezes em demasia, tendo em conta as notas que pretendia atingir – da líder a guiar-nos por canções ora mais expansivas (‘Be Sweet’ é um bonito rebuçado pop) ora a transbordar de melancolia (‘Boyish’, dos extintos Little Big League, banda anterior de Zauner, traz-nos Mazzy Star à memória).
“Obrigado. Muito obrigado, Porto. Vocês são uns campeões”, atira, às tantas, a cantora, compositora e multi-instrumentista, “achei que tínhamos de subir a este palco e incentivar-vos, mas vocês estão a ser fantásticos. Passaram-se cinco anos desde que atuámos em Paredes de Coura e é tão bom estar aqui de volta”. Em ‘Kokomo, IN’ prova que também sabe dançar slows, numa intempestiva ‘Savage Good Boy’ acelera o ritmo, na etérea ‘Glider’ diz que também sabe compor para videojogos, mas a maior ovação do concerto estava reservada para ‘Posing in Bondage’, um dos momentos mais eletrizantes de “Jubilee”, servida numa versão mais despida.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: MRVieira@blitz.impresa.pt