Outubro de 1992. Sinéad O'Connor era uma estrela conhecida em todo o mundo, graças à sua interpretação de 'Nothing Compares 2 U', a canção de Prince que tornara sua, dois anos antes.
O que ninguém podia esperar é que a irlandesa estivesse prestes a cometer uma espécie de "suicídio artístico"; em direto no programa "Saturday Night Live", da televisão norte-americana, Sinéad O'Connor cantou 'War', de Bob Marley, substituindo a referência ao racismo, na letra, por uma menção ao abuso sexual de crianças. E, enquanto cantava a tirada 'We have confidence in the victory of good over evil' ("Acreditamos na vitória do bem sobre o mal"), rasgou uma foto do Papa João Paulo II, apelando aos espectadores: "Lutem contra o verdadeiro inimigo".
As reações não se fizeram esperar, começando no estúdio onde o programa foi gravado e ninguém sabia o que se iria passar (nos ensaios, Sinéad O'Connor mostrara uma foto de uma criança refugiada para as câmaras). Nos anos seguintes, a artista garante que foi tratada "como uma louca", mas nunca se mostrou arrependida de ter chamado a atenção para o abuso sexual de crianças por parte de membros da Igreja, do qual acusa o Vaticano de ter conhecimento e nada fazer para solucionar o flagelo.
Publicado originalmente na BLITZ em maio de 2021
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