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José Cid: “Eu sei que às vezes sou muito mal visto, o que me agrada profundamente. Para fazer oposição ao regime foi preciso ter tomates”

José Cid
José Cid
Rita Carmo

“Posso ser o patinho feio da música portuguesa, mas [no tempo do Quarteto 1111] só não fomos presos por acaso. Outros só depois do 25 de Abril vieram mostrar a ‘esquerdice’ e os cravinhos na lapela. Isso não é oposição ao regime.” No podcast Posto Emissor, na companhia de Tozé Brito, José Cid fala das canções sobre imigração, racismo e pobreza gravadas no final dos anos 60 e agora revisitadas no álbum “Tozé Cid”

Tozé Brito e José Cid conheceram-se no final dos anos 60 e, desde então, mantiveram uma colaboração constante. Juntos, de novo, lançam agora um disco onde revisitam um lado menos evidente dos seus percursos. Chamaram-lhe “Tozé Cid”, e nele podemos ouvir, por exemplo, novas versões de ‘Pigmentação’, ‘João Nada’ e ‘Domingo em Bidonville’, momentos essenciais do primeiro álbum do Quarteto 1111 (1970), canções que apontavam o dedo às desigualdades sociais instigadas pela política do Estado Novo.

Com a habitual frontalidade, José Cid – convidado do Posto Emissor desta semana, juntamente com Tozé Brito – afirma: “Eu sei que às vezes sou muito mal visto, o que me agrada profundamente. Posso ser o patinho feio da música portuguesa, mas algumas destas canções foram terrivelmente censuradas pelo regime e só não fomos presos por acaso. Outros só depois do 25 de Abril vieram mostrar a ‘esquerdice’ e os cravinhos na lapela. Isso não é oposição ao regime. Oposição ao regime foi preciso ter tomates para o fazer na altura certa.”

Ouça a partir dos 17 minutos e 46 segundos:

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