“Tenho o corpo italiano, o nascimento no Brasil”: é com este autorretrato ritmado e bem-humorado que Adriana Calcanhoto dá início a “Errante”, o seu 13º álbum de originais. Aos 57 anos, uma das cantoras-compositoras mais populares da sua geração escolheu refletir sobre a convergência entre dois vetores da identidade humana: aquilo que escolhemos, e aquilo com que nos nascemos. A errância a que o título do disco se refere, por exemplo, surge na vida da brasileira como resultado tanto da opção como de uma certa predisposição genética. Numa chamada Zoom do Rio de Janeiro, onde vive, Adriana Calcanhoto apresenta-se: “Eu escolhi a errância. Escolhi andar pelo mundo, cantando canções. Mas, quando descobri que sou descendente de sefarditas, [percebi] que não foi somente uma escolha minha. Já estava em mim”, acredita a autora que, mais adiante, na mesma canção, prenha de sopros e percussão, faz menção ao seu “sangue judeu”. Na sua errância pelo mundo, ou seja, nas digressões que faz com frequência, e que em maio a trarão de volta a Portugal para nove concertos, Adriana Calcanhoto encontra pessoas “que estão errando por outros motivos, muitas vezes por falta de escolha. Deixaram o seu país por causa da guerra ou por falta de oportunidades, ou têm de migrar porque não têm sequer nacionalidade. Eu viajo porque escolho. Mas estou errando, também, porque no meu sangue já tenho isso”.
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