“Ela já me está a ver!”, exclama com alegria Elida Almeida, subindo sem esforço a montanha onde viveu até aos 7 anos. Estamos em Santa Cruz, no interior da ilha de Santiago, onde a artista cabo-verdiana foi criada com a avó paterna, dona Sabina. É ela quem, de lenço na cabeça e figura franzina, aguarda a visita da neta pródiga, à porta da casa onde, aos 93 anos, vive de forma quase autónoma, sob vigilância de uma neta. Ao contrário de boa parte da população da Cidade da Praia, onde é complicado passear com Elida sem que alguém a pare para pedir uma fotografia ou trocar dois dedos de conversa, dona Sabina não tem noção exata do percurso que a menina que ajudou a criar tem desenhado na última década. Quando lhe mostrou o vídeo de 'Dondona', canção do novo álbum, 'Di Longi', na qual presta homenagem às suas avós, Elida não obteve uma reação entusiasta. Mas não é essa aclamação que procura quando, mesmo tendo carro, continua a subir a montanha a pé. “A 'Dondona' fala do encanto que é crescer com as avós, de como são importantes os pilares que elas nos dão. Na canção, digo que o regaço dela tem açúcar, que os conselhos têm mel e que os temperos são de outro planeta. E que a bênção dela é glória. Cada vez que eu venho cá, e que ela me dá a sua bênção, sinto que me está a desejar bem, como se estivesse a limpar todo o mal. Saio daqui como nova, pronta para enfrentar o mundo.”
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