Roger Waters discursou, via vídeo, numa manifestação anti-guerra na Ucrânia que teve lugar no passado domingo em Washington, D.C..
A organização foi convocada pelo Partido Libertário, localizado à direita no espectro político, em parceria com o Partido do Povo, à esquerda, tendo juntado também dezenas de ativistas de extrema direita e da esquerda totalitária.
Waters, que gravou o seu discurso na Suíça, onde se encontra, começou por lembrar as palavras da sua mãe: “aconselhou-me a ler muito, a ouvir todos os lados de uma discussão”.
Apelidando a invasão russa da Ucrânia de “ilegal”, o músico acrescentou que a mesma “foi provocada”, deixando críticas a Joe Biden, que este fim de semana viajou para a Ucrânia, e à NATO. “Foi o governo de Washington, juntamente com os estados vassalos da NATO, o principal provocador”, disse.
“Não estou a desculpar o Sr. Putin, mas basta-nos recuar 30 anos na história. Podiam ter feito melhor, como o presidente Gorbachev. Podiam ter cumprido a promessa de não expandir a NATO para perto da fronteira russa”, continuou, referindo-se a uma promessa que o próprio Gorbachev, em vida, disse não ter existido.
Waters deixou ainda críticas a Volodymyr Zelensky, dizendo que este “poderia ter dito a Boris Johnson para não viajar até Kyiv, para dar cabo das negociações de paz”, e acusou-o de ter provocado a explosão no gasoduto Nord Stream, em setembro, com base num artigo do jornalista de investigação Seymour Hersh - que cita apenas uma fonte, e anónima.
“Já chega. Exigimos mudanças, exigimos a coisa certa: um cessar-fogo na Ucrânia”, acrescentou. “Nós, o povo, podemos persuadir os nossos líderes a abandonar o modelo de guerra perpétua que aceitaram como modus operandi. Iremos impedi-los de gastar os nossos preciosos recursos com o poder do amor”.
“Imaginem John Lennon a levantar-se do seu túmulo de punho erguido!”, afirmou, já perto do fim.
Segundo estimativas, terão participado no evento entre 750 a 1000 pessoas, entre elas Jordan Page, autor do hino do grupo neonazi Oath Keepers, Tatiana Moroz, ativista antivacinas, Matthew Heimbach, que participou na marcha neo-nazi em Charlottesville, em 2017, que terminou com três mortos, e Scott Ritter, ex-inspetor de armamento das Nações Unidas, condenado por crimes sexuais contra menores.
Veja o discurso de Roger Waters:
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