“Emoção é energia em movimento. Honre a sua verdade e sentimentos. Erradique o medo. Os limites são importantes”. É desta forma, poderosamente motivacional, que a rapper britânica Little Simz preambula o seu segundo álbum em pouco mais de um ano. Nos intensos 50 minutos que compõem “No Thank You”, o sucessor de “Sometimes I Might Be Introvert”, disco que lhe granjeou a aclamação global e o reputado prémio Mercury, não só aprofunda essas ideias como se compromete a expandir um universo lírico interventivo e agitador, que tem vindo a ser construído, com pulso forte, na última década. Cada uma destas dez canções soa a revolução pessoal, reflexo de um processo transformador de uma artista que decidiu deixar de parte os seus receios para reclamar um futuro diferente para si e para todos aqueles que se identificam com as suas lutas, sejam elas sobre racismo sistémico, a falta de valorização laboral ou de saúde mental. Com produção assinada por Inflo, líder do misterioso coletivo Sault com quem já tinha colaborado nos dois álbuns anteriores, e a participação omnipresente (e balsâmica) de Cleo Sol, “No Thank You” assenta raízes num hip-hop sem grandes artifícios, que se vai deixando contagiar pelo gospel e a soul, com alguns pozinhos de experimentalismo eletrónico à mistura, deixando cair a sonoridade grandiosa de “Sometimes I Might Be Introvert” para centrar todas as atenções na mensagem.
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